A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo anunciou o afastamento de atividades operacionais de 12 policiais militares envolvidos em um caso de agressão durante uma abordagem em Barueri, na Grande São Paulo, na noite da quarta-feira 4.
O afastamento se concretizou após os agentes prestarem depoimento na Corregedoria da PM, nesta quinta 5. A SSP informou que a investigação prossegue por meio de um inquérito policial militar e pela Polícia Civil, com a análise de imagens externas e das câmeras corporais.
A pasta alegou também que “todo excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei”.
O caso
Policiais militares agrediram uma mulher de 63 anos e deram um golpe de mata-leão no filho dela durante uma abordagem na garagem da família em Barueri, na Grande São Paulo, na noite da última quarta-feira 4.
Os agentes abordaram Matheus Higino Lima Silva, de 18 anos, e Juarez Higino Lima Junior, de 39, que estavam com uma moto parada em frente à residência. O veículo estaria com o documento atrasado, o que implicaria em sua apreensão.
Pai e filho, no entanto, resistiram à ação policial e correram para a garagem, ato seguido pela entrada dos policiais na casa, com reforços. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um grupo de PMs chutando o portão.
Cenas posteriores exibem Juarez contido por um policial com um golpe de mata-leão e outro PM desferindo golpes de cassetete contra ele. As imagens também mostram a idosa, Lenilda Messias Santos Lima, mão de Juarez, com o rosto sangrando, sendo empurrada e chutada por um agente. Não fica claro como a mulher foi ferida no rosto.
Devido aos ferimentos, Juarez, Matheus e Lenilda foram levados ao Pronto-Socorro Central de Barueri e depois encaminhados à Delegacia de Polícia de Barueri. O caso foi registrado como desacato, resistência, lesão corporal e abuso de autoridade.
Na versão dos policiais, a entrada na casa sem autorização e o uso da força seriam justificados pela “caracterização do estado flagrancial em que se encontrava Matheus, o qual teria praticado, em tese, o crime de desacato contra os policiais”.
Questionada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou, em nota, que a Polícia Militar “não compactua com desvios de conduta e assegura que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada e os agentes devidamente punidos”.
Ainda de acordo com a pasta, a Polícia Civil analisa as imagens da ocorrência e investiga todas as circunstâncias. O caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar.
O caso se soma a uma sequência de abordagens violentas praticadas pela Polícia Militar de São Paulo nas últimas semanas. Episódios recentes, como o de um homem sendo atirado de uma ponte por um PM e o de um rapaz morto com tiros pelas costas após furtar itens de um supermercado, colocaram em xeque a política de segurança pública do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o apoio do secretário Guilherme Derrite.
Derrite já foi alvo de um pedido de afastamento por instituições de direitos humanos e há um pedido encaminhado à PGR para que ele e Tarcísio sejam investigados.