O parlamento húngaro aprovou a entrada da Suécia após adiar a decisão durante mais de 18 meses. Para ingressar na Otan, era preciso a aprovação de todos os integrantes da organização. A votação teve 188 votos a favor e seis contra.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, classificou esta segunda como um dia histórico e escreveu nas redes sociais que: “estamos prontos para assumir a nossa parte de responsabilidade pela segurança da OTAN”.
Agora, é necessária uma assinatura presidencial da Hungria para endossar formalmente a aprovação da candidatura sueca à Otan o que é esperado que aconteça nos próximos dias. Em seguida, a Suécia se tornará oficialmente o 32º membro do acordo militar (veja lista completa de países da organização mais abaixo).
O que muda com a Suécia na Otan?
Com a Suécia participando da Otan, toda a costa do Mar Báltico fará parte do território da aliança – com exceção da costa da Rússia e seu exclave de Kaliningrado. Ou seja, no caso de um ataque russo, por exemplo, seria mais fácil defender os países bálticos.
Além disso, o exército sueco e todo equipamento militar do país também vão pertencer a Otan.
Apesar do país ser pequeno – ter uma força militar de aproximadamente 50 mil pessoas (sendo metade reservista) –, Simon Koschut, que ocupa a cadeira de política de segurança internacional na Universidade Zeppelin em Friedrichshafen, na Alemanha, afirmou à agência DW que “os suecos têm um exército muito moderno, em particular uma força aérea moderna de fabricação própria”.
O país também é conhecido por sua potência marítima com submarinos. Tanto que já participaram de algumas missões da Otan, como no Afeganistão. Segundo o especialista, a localização geográfica do país é a principal razão pela qual a adesão da Suécia à Otan seria tão atraente.
Os suecos se comprometeram ainda a aumentar os gastos com defesa para atingir a meta da OTAN de 2% do produto interno bruto.
Suécia entra para Otan — Foto: g1
Vale lembrar que a Suécia manteve-se fora de alianças militares durante mais de 200 anos e por muito tempo descartou a possibilidade de aderir à Otan. Mas, quando começou o conflito entre Ucrânia e Rússia, em fevereiro de 2022, o país abandonou seu ideal e quase da noite para o dia e decidiu candidatar-se para aderir à aliança.
Dessa forma, com o ingresso na organização, a grande mudança está relacionada ao Artigo 5 do tratado da Otan, que diz que um ataque armado contra um país da organização é considerado um ataque contra todos. Quando isso acontece, a aliança militar se compromete a prestar assistência.
Outra vantagem é que os suecos seriam membros plenos do Conselho da Otan, o principal órgão de decisão da aliança, e teriam direito de veto — como a Hungria, que barrou até então a entrada do país.
Porém, Deborah Solomon, da Sociedade Sueca de Paz e Arbitragem, em entrevista à BBC, afirmou que o país pode perder a figura de pacificador e de liderança na luta pelo desarmamento nuclear. Isso porque os Estados Unidos, por exemplo, pressionou diversos integrantes da organização para não participarem das negociações de desarmamento da ONU em 2019.
Hungria adiou aprovação por 18 meses
Para alguns analistas, o adiamento na aprovação por parte da Hungria foi uma estratégia para negociar com a União Europeia o desbloqueio de bilhões de euros em fundos que estão congelados.
Outros apontaram como motivo a proximidade do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, do presidente russo, Vladimir Putin, e do chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdoğan, que explicou sua relutância por motivos de segurança.
De todo modo, a maioria acredita que a visita do primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, à Hungria na semana passada acelerou as negociações. Durante a viagem, o governo húngaro anunciou a compra de quatro caças suecos.
À época, Orbán disse que os caças adicionais “aumentarão significativamente as nossas capacidades militares e fortalecerão ainda mais o nosso papel no estrangeiro” e melhorarão a capacidade da Hungria de participar em operações conjuntas da OTAN.
Tanto que, no início da sessão parlamentar desta segunda, Orbán elogiou a visita de Kristersson, que contribuiu, segundo ele, para a construção de “uma relação justa e respeitosa entre os dois países” para além das “divergências de opiniões”.
“A entrada da Suécia na Otan reforçará a segurança da Hungria”, acrescentou.
O que é a Otan
Entenda o que é a Otan
A Otan (sigla que significa Organização do Tratado do Atlântico Norte) é uma aliança formada por 31 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França.
A organização passou para o centro das discussões da diplomacia internacional em meados de abril e ao longo de maio de 2022 devido à possibilidade de adesão da Finlândia e da Suécia, em meio à Guerra na Ucrânia. Em abril de 2023, a Finlândia entrou oficialmente para o grupo.
A organização foi criada em 1949, no período da chamada Guerra Fria, sob a liderança dos EUA em oposição à extinta União Soviética. Durante a Guerra Fria, os países ligados aos EUA pertenciam à Otan, e a União Soviética tinha uma aliança nos mesmos moldes, o Pacto de Varsóvia. Após a dissolução do bloco comunista, em 1991, muitos dos países que pertenceram ao Pacto de Varsóvia entraram na Otan – é o caso inclusive da Polônia, cuja capital, Varsóvia, dava nome à antiga aliança.
Desde então, a Otan passou a atuar, sobretudo, como uma aliança que zela pelos interesses econômicos dos membros, com algumas exceções, como, por exemplo, quando agiu diretamente na Líbia, no conflito que derrubou o ditador Muammar Gaddafi.
O parlamento da Turquia foi o último país a aprovar a entrada da Suécia, em janeiro. Foram 287 votos a favor e 55 contra. Desde 2022, os turcos faziam objeções sobre a entrada, depois que Estocolmo impôs sanções a Rússia por conta da guerra na Ucrânia.
Antes do aval, o governo de Ancara, capital da Turquia, acusou a Suécia de ser muito benevolente com os ativistas curdos que abriga em seu território, pessoas que o governo turco classifica como “terroristas”.
A Suécia apresentou sua candidatura para integrar a aliança em maio de 2022, meses após a invasão da Ucrânia. O pedido aconteceu ao mesmo tempo que o da Finlândia, que em abril de 2023 se tornou o 31º país membro da organização.
- Albânia (2009)
- Alemanha (1955)
- Bélgica (1949)
- Bulgária (2004)
- Canadá (1949)
- República Checa (1999)
- Croácia (2009)
- Dinamarca (1949)
- Eslováquia (2004)
- Eslovênia (2004)
- Espanha (1982)
- Estados Unidos (1949)
- Estônia (2004)
- Finlândia (2023)
- França (1949)
- Grécia (1952)
- Holanda (1949)
- Hungria (1999)
- Islândia (1949)
- Itália (1949)
- Letônia (2004)
- Lituânia (2004)
- Luxemburgo (1949)
- Macedônia do Norte (2020)
- Montenegro (2017)
- Noruega (1949)
- Polônia (1999)
- Portugal (1949)
- Reino Unido (1949)
- Romênia (2004)
- Turquia (1952)