Em discurso sobre o Estado da Nação feito em Moscou, Putin disse que poderia usar esse tipo de armamento caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) envie tropas para lutar contra a Rússia na guerra na Ucrânia.
Dirigindo-se a legisladores e membros da elite do país, Putin disse que os líderes ocidentais não compreendiam quão perigosa poderia ser a sua intromissão no que ele considera um guerra de “assuntos internos”.
“(As nações ocidentais) devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente ameaça um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Será que eles não percebem isso?!” disse Putin.
O presidente russo, que concorre à reeleição este ano, disse ainda ter um “arsenal nuclear amplamente modernizado, o maior do mundo”.
“As forças nucleares estratégicas estão num estado de prontidão total”, disse ele, observando que as armas nucleares hipersónicas de nova geração de que falou pela primeira vez em 2018 foram implantadas ou estavam numa fase em que o desenvolvimento e os testes estavam a ser concluídos.
No discurso, um dos mais duros de Putin desde o início da guerra, há dois anos, o líder russo fez referência ainda ao desfecho de líderes ocidentais do passado como Adolf Hitler, da Alemanha nazista, e Napoleão Bonaparte, da França, que invadiram a Rússia.
“Mas agora as consequências serão muito mais trágicas”, disse Putin. “Eles acham que (a guerra) é uma caricatura”, disse ele, acusando os políticos ocidentais de esquecerem o que significava uma guerra real porque não enfrentaram os mesmos desafios de segurança que os russos enfrentaram nas últimas três décadas.
As forças russas agora têm a iniciativa no campo de batalha na Ucrânia e avançam em vários lugares, disse Putin. A Rússia também deve reforçar as tropas que destacou ao longo das suas fronteiras ocidentais com a União Europeia, depois da Finlândia e da Suécia terem decidido aderir à aliança militar da NATO, acrescentou.
O veterano líder do Kremlin rejeitou as sugestões ocidentais de que as forças russas poderiam ir além da Ucrânia e atacar os países europeus, considerando-as “absurdas”. Ele também disse que Moscou não repetiria o erro da União Soviética e permitiria que o Ocidente a “arrastasse” para uma corrida armamentista que consumiria muito do seu orçamento.
“Portanto, a nossa tarefa é desenvolver o complexo industrial de defesa de forma a aumentar o potencial científico, tecnológico e industrial do país”, afirmou.
Putin disse que Moscou está aberta a discussões sobre estabilidade estratégica nuclear com os Estados Unidos, mas sugeriu que Washington não tem interesse genuíno em tais negociações e está mais focado em fazer afirmações falsas sobre os supostos objetivos de Moscou.
“Recentemente, tem havido cada vez mais acusações infundadas contra a Rússia, por exemplo, de que supostamente iremos implantar armas nucleares no espaço. Tal insinuação… é um estratagema para nos levar a negociações nos seus termos, que são favoráveis apenas aos Estados Unidos”, disse ele.
“…Nas vésperas das eleições presidenciais dos EUA, eles simplesmente querem mostrar aos seus cidadãos e a todos os outros que ainda governam o mundo.”