Além disso, os Estados Unidos disseram ver uma “escalada perturbadora” no país sul-americano.
Após o fim do prazo para inscrição de candidaturas, a coalizão Plataforma Unitária Democrática, que reúne dez partidos de oposição, afirmou não ter conseguido registrar a candidatura de Corina Yoris.
Corina Yoris já havia sido escolhida porque a candidata inicial, María Corina Machado, havia sido inabilitada pela Suprema Corte venezuelana, alinhada a Maduro.
Em resposta a esse comunicado brasileiro, a chancelaria venezuelana emitiu uma nota na qual afirmou que:
Oficialmente, o Itamaraty não fez comentários sobre a reação venezuelana. Na condição de anonimato, um integrante da cúpula do ministério afirmou que a avaliação foi a de que, se respondesse, alimentaria o atrito diplomático de forma pública.
Essa fonte do Itamaraty ouvida pela GloboNews também disse que a nota venezuelana repete um padrão do regime de Maduro de relacionar críticas a uma suposta interferência dos EUA.
Venezuela critica Brasil após Itamaraty expressar preocupação com eleição venezuelana
O que disseram outros países
Veja nesta reportagem o que disseram:
Resposta do Brasil veio tarde e é fraca, avalia Míriam Leitão sobre crítica à Venezuela
Oito países em comunicado conjunto
Em um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, um conjunto de oito países (Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai) manifestaram “grave preocupação” com o fato de Corina Yoris não ter conseguido registrar candidatura.
A situação, descrevem esses países, leva a questionamentos sobre a integridade e a transparência do processo eleitoral “em sua totalidade”.
“As restrições impedem o avanço na direção de eleições que permitam realizar um processo de democratização na irmã Venezuela”, afirmaram os países no comunicado conjunto.
“Nós pedimos que a situação seja reconsiderada para que […] o povo irmão venezuelano possa eleger livremente seu próximo governo”, concluíram.
Gustavo Petro quer promover a transição ecológica na Colômbia — Foto: Getty Images via BBC
Em comunicado divulgado nesta terça (26), o governo da Colômbia manifestou “preocupação” sobre a forma com a qual o processo eleitoral no país se desenrola, principalmente em razão da impossibilidade de registro da candidatura de Corina Yoris.
“A Colômbia expressa sua preocupação com os recentes acontecimentos […] particularmente com as dificuldades que enfrentam setores majoritários da oposição […], as quais podem afetar a confiança de alguns setores da comunidade internacional na transparência e competitividade do processo eleitoral”, afirmou a chancelaria de Gustavo Petro.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, em uma entrevista coletiva após a votação do plesbicito sobre o projeto de Constituição, em Punta Arenas, Chile, no último domingo, 4 de agosto. — Foto: AP Photo/Andres Poblete
Em meio às recentes prisões de opositores de Maduro, o governo de Gabriel Boric divulgou um comunicado em que diz que o governo venezuelano age de forma “contrária ao espírito democrático”. E acrescenta que a postura do regime contra opositores, por si só, já afetou o processo eleitoral no país e afrontou o Acordo de Barbados.
“O governo do Chile se soma aos chamados formulados por instâncias multilaterais de direitos humanos para que a Venezuela ponha fim ao assédio contra os opositores políticos”, afirmou o governo chileno.
O presidente americano Joe Biden — Foto: Leah Mills/Reuters
Sobre o mesmo episódio mencionado pelo governo chileno, o Departamento de Estado dos Estados Unidos — órgão responsável pelas relações internacionais do país — emitiu um comunicado no qual disse que a Venezuela vive uma escalada “perturbadora de repressão”.
“Essas ações, juntamente com a detenção de numerosos outros membros da oposição e da sociedade civil neste ano, bem como a contínua desqualificação de candidatos, minam a possibilidade de eleições competitivas”, afirmou o departamento.
“Para garantir uma eleição democrática, que corresponda às expectativas do povo venezuelano, Maduro e seus representantes devem seguir os compromissos que fizeram em Barbados em outubro de 2023”, completou o governo Joe Biden.