Mauro Vieira deu a declaração ao conceder entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
O anúncio foi feito num cenário de protestos na França contra o fechamento do acordo Mercosul-União Europeia. Produtores franceses entendem que o tratado, se implementado, pode prejudicar a produção local. Nesta terça-feira (26), porém, o Grupo Carrefour publicou uma retratação.
Além disso, Alexandre Bompard enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na qual disse saber que a agricultura brasileira fornece carne de “alta qualidade” e com respeito às normas, acrescentando que a rede reconhece o profissionalismo dos produtores brasileiros e o cuidado que eles têm com terra.
“Ele se desculpou porque reconheceu a qualidade – sanitária e no paladar – dos produtos brasileiros. Então, acho que isso já é uma resposta e uma boa resposta para essa questão, que é entre empresas privadas, a matriz na França e a do Brasil”, afirmou Mauro Vieira nesta quarta-feira.
Questionado, então, se o assunto está “superado”, o ministro disse que, do ponto de vista do governo, a página está virada e não houve “problema maior”. Ele disse ainda acreditar que, do ponto de vista empresarial, o tema também ficou para trás.
“Ele disse que a carne e o frango são produtos de boa qualidade que correspondem, são enquadrados dentro da legislação sanitária e das exigências da União Europeia e da França. Então, acho que viramos essa página”, frisou Vieira.
Conforme o chanceler, o Brasil exporta carne para mais de 140 países e atende às exigências mais rigorosas do setor, citando como exemplo o atendimento a normas da própria União Europeia, dos Estados Unidos, da China e do Japão.
O ministro explicou ainda que, assim que foi feito o anúncio por parte do Carrefour, orientou a embaixada brasileira em Paris (França) a se pronunciar oficialmente para colocar o assunto “em sua verdadeira trilha”.
Acordo Mercosul-UE
Entenda o que fez os frigoríficos brasileiros pararem de vender carne ao Carrefour
Diplomatas ouvidos pela GloboNews avaliaram que o CEO do Carrefour tentou criar um “factoide” contra as negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Avaliaram, ainda, que não haveria efeito prático, pois setores da França sempre se mostraram resistentes à assinatura.
O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é discutido desde 1999. Em 2019, as negociações foram concluídas e, desde então, se iniciou a fase de revisão dos termos. O fechamento do acordo, contudo, ainda não aconteceu.
Para o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, o episódio envolvendo o Carrefour prejudicou as negociações e pode reduzir a confiança entre os negociadores.
Diante disso, Trad procurou parlametnares brasileiros que integram o Parlasul e propôs que no próximo encontro do Parlamento do Mercosul, dia 9 de dezembro, o tema seja debatido.
Após boicote no Brasil, Carrefour recua e reconhece ‘grande qualidade’ da carne brasileira