Os militares participarão de uma série de exercícios conjuntos que trabalharão com o cenário de um “ataque russo”, segundo o comandante-geral da Otan na Europa, o general Christopher Cavoli.
A Otan (sigla que significa Organização do Tratado do Atlântico Norte) é uma aliança formada por 31 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França (veja lista completa abaixo).
A organização passou para o centro das discussões da diplomacia internacional em meados de abril e ao longo de maio de 2022 devido à possibilidade de adesão da Finlândia e da Suécia, em meio à Guerra na Ucrânia. Em abril de 2023, a Finlândia entrou oficialmente para o grupo.
A organização foi criada em 1949, no período da chamada Guerra Fria, sob a liderança dos EUA em oposição à extinta União Soviética. Durante a Guerra Fria, os países ligados aos EUA pertenciam à Otan, e a União Soviética tinha uma aliança nos mesmos moldes, o Pacto de Varsóvia. Após a dissolução do bloco comunista, em 1991, muitos dos países que pertenceram ao Pacto de Varsóvia entraram na Otan – é o caso inclusive da Polônia, cuja capital, Varsóvia, dava nome à antiga aliança.
Desde então, a Otan passou a atuar, sobretudo, como uma aliança que zela pelos interesses econômicos dos membros, com algumas exceções, como por exemplo quando agiu diretamente na Líbia, no conflito que derrubou o ditador Muammar Gaddafi.
Ucrânia, parceira da Otan
A aliança teve papel importante na disputa entre Rússia e Ucrânia, ainda em andamento. Apesar de a Ucrânia não ser um membro da aliança, ela é um considerada um “país parceiro”. Ucranianos, inclusive, pleiteavam entrada no grupo, o que foi um dos motivos que a Rússia alegou para a invadir o território ucraniano.
Tratado da Otan prevê reação contra agressões
O tratado da Otan é composto por 14 artigos. Nos artigos 4 e 5, são mencionadas possíveis ações contra agressões a países membros.
As Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das Partes.
O artigo 5 também fala sobre invasões a países que fazem parte da Otan:
As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta das Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a ação que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.
Qualquer ataque armado desta natureza e todas as providências tomadas em consequência desse ataque serão imediatamente comunicados ao Conselho de Segurança. Essas providências terminarão logo que o Conselho de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para restaurar e manter a paz e a segurança internacionais.
- ALBÂNIA (2009)
- ALEMANHA (1955)
- BÉLGICA (1949)
- BULGÁRIA (2004)
- CANADÁ (1949)
- REPÚBLICA CHECA (1999)
- CROÁCIA (2009)
- DINAMARCA (1949)
- ESLOVÁQUIA (2004)
- ESLOVÊNIA (2004)
- ESPANHA (1982)
- ESTADOS UNIDOS (1949)
- ESTÔNIA (2004)
- FINLÂNDIA (2023)
- FRANÇA (1949)
- GRÉCIA (1952)
- HOLANDA (1949)
- HUNGRIA (1999)
- ISLÂNDIA (1949)
- ITÁLIA (1949)
- LETÔNIA (2004)
- LITUÂNIA (2004)
- LUXEMBURGO (1949)
- MACEDÔNIA DO NORTE (2020)
- MONTENEGRO (2017)
- NORUEGA (1949)
- POLÔNIA (1999)
- PORTUGAL (1949)
- REINO UNIDO (1949)
- ROMÊNIA (2004)
- TURQUIA (1952)
Exercícios militares
Os exercícios militares anunciados nesta quinta-feira começarão na semana que vem e durarão até meados de maio, segundo o comandante. E terão a cooperação de soldados da Suécia, país que ainda não faz parte da aliança, mas já solicitou formalmente o ingresso.
“A aliança vai demonstrar sua habilidade para reforçar a região do Atlântico e da Europa com um movimento transatlântico de forças”, disse o comandante-geral da Otan na Europa, o general Christopher Cavoli.
O comandante afirmou que as manobras não têm uma motivação específica e acontecem como parte de exercícios anuais da aliança. Mas ele disse que a convocação das manobras deste ano são as maiores desde os anos da Guerra Fria e que simularão uma invasão russa a um dos países membros.
A convocação recorde da Otan ocorre também no momento em que a Rússia intensificou ataques aéreos a grandes cidades na Ucrânia, em uma tentativa de mostrar força após meses sem conseguir avançar nas linhas de frente de batalha. Atualmente, soldados russos controlam cerca de 20% do território ucraniano, em áreas no leste e no sul do país.