O Serviço Penitenciário Federal disse em comunicado que Navalny se sentiu mal após uma caminhada na sexta-feira e perdeu a consciência.
Segundo a agência norte-americana Associated Press, uma ambulância chegou para tentar reabilitá-lo, mas ele morreu.
Não houve confirmação imediata da morte de Navalny por parte de sua equipe. O governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte.
Navalny, de 47 anos, era um ex-advogado que ganhou fama há mais de uma década ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção. Na década de 2010, por exemplo, ele liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país.
Ele foi detido por forças russas em janeiro de 2021 após retornar da Alemanha, onde foi tratado por uma suspeita de envenenamento. Navalny foi sentenciado à prisão até completar 74 anos por acusações que, segundo ele, foram forjadas para mantê-lo afastado da política,
Foto de arquivo mostra Alexei Navalny durante protestos em 29 de fevereiro de 2020 — Foto: Pavel Golovkin/AP
Rotina na prisão
Enquanto estava preso, Navalny recebia ajuda para que seus textos sejam publicados. Em uma mensagem na rede social X, ele descreveu uma rotina matinal.
“O cantor Shaman ficou famoso depois que eu já estava na prisão, então eu não consegui vê-lo ou ouvir sua música. Mas eu sabia que ele havia se tornado o principal cantor de Putin. E que sua principal música é ‘Eu sou russo'”, escreveu Navalny.
“Claro que fiquei curioso para ouvi-la, mas onde conseguiria fazer isso na prisão? E então eles me levaram para Yamal (local da prisão no Ártico). E aqui, todo dia às 5h da manhã, ouvimos o comando ‘Levantem!’, seguido do hino nacional russo e, imediatamente depois, a segunda música mais importante do país é tocada — ‘Eu sou russo’, do Shaman”.
Ele também disse que seu regime matinal agora inclui ouvir o hino nacional russo antes de começarem a tocar “Eu sou russo”, uma música patriótica de um cantor pró-Putin chamado Shaman.
A ironia, segundo Navalny, é que a propaganda estatal já ressaltou que ele costumava acompanhar nacionalistas russos em marchas anuais e agora, anos depois, estava ouvindo uma música pop ultra-nacionalista com propósitos educacionais enquanto faz seus exercícios matinais na prisão.
“Sendo honesto, ainda não tenho certeza se entendo corretamente o que pós-ironia e meta-ironia são. Mas se não for isso, o que poderia ser?”, brincou Navalny.
Foto de arquivo mostra líder oposicionista russo, Alexei Navalny, durante audiência em tribunal via link de vídeo — Foto: Evgenia Novozhenina/REUTERS
Prisão Lobo Polar
A prisão, chamada de Lobo Polar, onde Navalny ficou presa, é considerada uma das prisões mais difíceis da Rússia. A maioria dos prisioneiros que continuam nela foram condenados por crimes graves.
Durante o inverno, as temperaturas no local podem chegar a até -28°C.
Cerca de 60 km ao norte do Círculo Polar Ártico, a prisão foi fundada na década de 1960 como parte do que já foi o sistema GULAG de campos de trabalhos forçados soviéticos, segundo o jornal Moskovsky Komsomolets.
Kira Yarmysh, porta-voz do político russo, disse acreditar que a decisão de o transferir para um local tão remoto e inóspito foi projetada para isolá-lo, tornar sua vida mais difícil e complicar o acesso de seus advogados e aliados.
“Eu sou o seu novo Papai Noel”, escreveu Navalny, à época, brincando em sua primeira postagem de sua nova prisão, uma referência às duras condições climáticas de lá.
*Essa reportagem está em atualização