As eleições acontecem em 5 de novembro e Trump é o único pré-candidato do Partido Republicano na disputa. Ele irá enfrentar o atual presidente Joe Biden, seu rival na disputa de 2020.
Em um novo aceno para os eleitores cristãos, dias antes da Páscoa o ex-presidente americano publicou um vídeo na rede “Truth Social”: agora ele vende bíblias personalizadas.
Segundo a agência de notícias Reuters, cerca de 80 milhões de norte-americanos se declaram protestantes cristãos, ou 24% da população.
Além da bíblia entitulada “God Bless the USA” (“ Deus abençoe os EUA”), o pacote também inclui documentos históricos, uma cópia da constituição americana e da Declaração de Direitos, além do refrão da música de mesmo nome do cantor country Lee Greenwood. É ao som dela que Trump sobe ao palco em comícios e ele já apareceu com o artista em eventos.
A Bíblia de Donald Trump custa US$ 59,99 (R$ 304), além dos custos para o envio. A venda da obra não é feita diretamente por empresas do ex-presidente, mas Trump ganha comissão pelas vendas. O site da Bíblia (“GodBlessTheUSABible.com) afirma que o produto “não é político e não tem nada a ver com qualquer campanha política”.
“A religião e o cristianismo são as maiores coisas que faltam neste país”, disse Trump.
Na postagem, o ex-presidente afirma que os americanos “perderam a religião” e pede ajuda para “divulgar os valores cristãos com outras pessoas”. Trump se aproxima do nacionalismo cristão com promessas de “Fazer a América rezar novamente” (“Make America pray again”, em inglês), um trocadilho com o próprio bordão.
“Todos os americanos precisam de uma Bíblia em casa, e eu tenho muitas. É meu livro favorito. É o livro favorito de muitas pessoas. […] Vamos fazer a América orar novamente”.
Alvo de outra polêmica durante a data comemorativa, o presidente Joe Biden é criticado pelos republicanos por desrespeito. O pré-candidato democrata causou incômodo ao proclamar o Dia da Visibilidade dos Transgêneros no domingo de Páscoa – embora a data já seja comemorada anualmente no dia 31 de março.
‘Igreja de Trump’
Em imagem de arquivo, o ex-presidente dos EUA Donald Trump segura um exemplar da Bíblia em Washington. — Foto: Patrick Semansky/ AP
A imprensa americana já apelida de ‘A Igreja de Trump’, ou ‘O Culto de Trump’, o movimento do ex-presidente dos de incorporar o cristianismo à sua imagem.
Agora, nos fim dos comícios do pré-candidato, os apoiadores fazem um ritual muito semelhante a um culto religioso. Neste momento, Trump faz um discurso final de cerca de 15 minutos e assume um tom que se espelha nos pastores evangélicos americanos.
Ao som de música solene, muitos apoiadores abaixam a cabeça, fecham os olhos, levantam as mãos ou até mesmo murmuram, como se estivessem orando.
O ex-presidente já afirmou repetidas vezes que é alvo de “perseguição” quando fala sobre os os diversos problemas jurídicos que enfrenta – e muitos apoiadores e aliados o comparam com a figura de Jesus Cristo.
O próprio Trump já compartilhou um artigo nas redes sociais com o título “A crucificação de Donald Trump”.
Este ano, o candidato classificou a própria campanha como uma cruzada para defender os valores cristãos. O ex-presidente também faz constantes afirmações de que os democratas estão perseguindo os cristãos e, no mês passado, disse numa convenção de meios de comunicação religiosos que os democratas queriam “derrubar as cruzes”.
Críticos afirmam que o candidato, que já casou três vezes, tem um histórico de comportamento que parece estar em desacordo com os ensinamentos defendidos por Cristo nos Evangelhos.
Processos criminais
Trump paga parte de multa milionária para evitar confisco de bens em NY
O discurso de vendas de Bíblia surge no momento em que o pré-candidato aparenta enfrentar um aperto financeiro em meio a quatro processos criminais e diversas ações civis.
Com acúmulo de honorários dos advogados, Trump foi obrigado a pagar uma fiança de US$ 175 milhões (cerca de R$ 887) no caso de fraude em Nova York – uma quantia considerável, embora muito menor do valor total de US$ 454 milhões (R$ 2,3 bilhões) da multa imposta no caso.
Trump já pagou uma fiança de US$ 92 milhões (R$ 466) em conexão com casos de difamação movidos pela escritora E. Jean Carrolll, que acusou Trump de agressão sexual. Outras 17 mulheres também acusam o ex-presidente do crime.