Enquanto alguns disseram à BBC que foi uma boa ideia, outros expressaram preocupação de que a medida leve à discrimimação racial.
As tropas começaram a trabalhar nas maiores estações na quarta-feira.
A governadora disse que busca “livrar nossos metrôs de pessoas que cometem crimes e proteger todos os nova-iorquinos”.
Na quarta-feira, a governadora lembrou uma série de agressões violentas que viraram manchete. Três homicídios ocorreram desde janeiro.
“Esses ataques descarados e hediondos no nosso sistema de metrô não serão tolerados”, disse ela.
O quadro geral de crimes no sistema de trânsito de Nova York é complexo.
No ano passado, crimes em geral caíram cerca de 3% em relação a 2022, segundo o New York Times. Mas este ano, aumentou em 13%, até agora, a ocorrência de crimes maiores.
A Guarda Nacional já patrulha os principais terminais de transporte, como o da Autoridade Portuária e a Grand Central Station, sob um programa lançado após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Agora, o plano lançado pela governadora Kathy dá a 750 guardas a missão de monitorar os principais pontos de entrada do metrô.
Outros 250 funcionários, incluindo policiais estaduais e policiais de trânsito, fazem parte do reforço na segurança. A governadora não disse por quanto tempo as medidas permanecerão em vigor.
Mas há céticos – inclusive entre os usuários do sistema de transporte.
“Não estou entusiasmado”, disse Matt Craig, 71 anos, enquanto se preparava para entrar na estação da Fulton Street. “Eu não gosto do exército correndo pelo metrô e não acho que precisamos deles. A polícia, tudo bem.”
Para o morador do Brooklyn e usuário diário do metrô, o plano implementado pela governadora, democrata, tem “fins políticos”.
Os republicanos destacaram repetidamente o crime como uma questão durante as eleições.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, durante anúncio de que a Guarda Nacional patrulharia o metrô da cidade — Foto: ADAM GRAY/GETTY IMAGES via BBC
Especialistas em justiça criminal disseram à BBC que o plano da governadora Kathy provavelmente não abordaria as principais causas dos problemas do metrô e poderia levantar questões constitucionais.
“Uma crise de saúde mental e uma crise de falta de moradia estão sendo tratadas como se fossem uma crise criminal”, disse Jeffrey Fagan, especialista em crime, policiamento e segurança pública da Universidade de Columbia.
“Crimes acontecem no metrô, mas não é em proporções epidêmicas.”
Enquanto andavam apressados por algumas das estações de metrô mais movimentadas de Nova York, alguns passageiros disseram à BBC terem recebido bem a presença da Guarda Nacional, ao mesmo tempo em que relataram não terem vivenciado crimes no sistema.
“Acho que é uma ótima ideia”, disse Lila, de cerca de 70 anos, que pediu que apenas seu primeiro nome fosse usado. “Muito crime. Muitas pessoas loucas nas ruas.”
David Ferber, 81 anos, disse à BBC na estação Union Square que odeia “a noção de militarizar coisas civis”.
“Mas acho que ver a polícia por perto, ou a Guarda Nacional, pessoas uniformizadas, vai conter as pessoas de fazer as coisas ruins que têm recebido publicidade.”
Os defensores da reforma policial disseram que o anúncio da governadora, de que a Guarda Nacional verificaria bolsas, lembrava uma prática policial conhecida como “stop and frisk”, que atingia minorias de forma desproporcional.
Ser parado e ter os pertences verificados “mexeria comigo, porque sou um homem negro, e sei que as pessoas negras se sentiriam de uma certa forma sobre isso”, disse Aaron Hayes, 26 anos.
“Nós vivemos em Nova York, é um caldeirão de culturas diferentes”, disse ele.
Hayes quer esperar para ver se ter membros da Guarda Nacional no metrô irá melhorar o deslocamento diário de passageiros como ele.
“Definitivamente terá um impacto”, disse Hayes. “Se ficará mais seguro? Não tenho certeza.”