Pais correm o risco de até mesmo perder benefícios do governo, caso não consigam matricular os filhos
Davi Galvão –
Apesar de 2024 mal ter dado as caras, já foi tempo bastante para um cenário extremamente caótico se revelar em Anápolis, no que diz respeito à educação. Isso porque diversos pais sequer estão conseguindo vagas nas escolas da rede municipal para os filhos e, além disso, precisam encaram o silêncio por parte do poder público.
Cenário parecido inclusive com o que foi observado com relação à situação dos CMEI’s que, por mais um ano e, quase de maneira crônica, demonstra o mesmo déficit.
Porém, a realidade das unidades de ensino fundamental se mostra particularmente mais preocupante para os pais em situação de vulnerabilidade social e que necessitam de programas assistenciais, como o Bolsa Família. Isso porque, quando a criança completa 7 anos, é exigido o registro e comprovação de frequência escolar, a fim de dar continuidade ao benefício.
Caso este da anapolina Welicca Fernandes, que revelou ao Portal 6 ter recebido uma notificação do Governo Federal alertando sobre a obrigação.
Acontece que o pequeno Arthur, prestes a completar 7 anos, não teve sequer a vaga liberada pela Prefeitura para nenhuma unidade de ensino da rede pública. Com as aulas tendo sido iniciadas nesta terça-feira (23), a mãe teme, em primeiro lugar, pelo futuro do filho.
“Essa questão do Bolsa Família é muito séria, porque a gente precisa dessa renda, mas o que mais aperta o coração é ver meu menino sem poder ir para a escola. Eu queria muito ter condições de colocar ele no particular, mas não tenho a menor condição”, lamentou.
O relato também entra em sintonia com a história de Vera Lucia de Oliveira, que está lutando para matricular a pequena Elisa, que faz 7 anos já em março, em alguma escola da rede.
Assim como diversas outras mães, ela contou que está no aguardo da segunda leva de resultados da lista de espera, que, após ser adiada inúmeras vezes, foi prometida para esta quinta-feira (25).
Neste meio tempo, Vera chegou a ir na própria Secretaria Municipal de Educação (Semed) para buscar esclarecimentos. Porém, além de não conseguir dados acerca da posição da filha, foi informada de que, “caso não fosse contemplada com a vaga, não haveria nada que pudesse ser feito”.
“Como assim nada a ser feito? Eles que administram a educação na cidade, eles que mandam, se eles não vão resolver, quem vai? Sobra quem para a gente recorrer? Isso é um absurdo”, afirmou.
Além disso, ela também criticou a forma com a qual o critério de vulnerabilidade social – utilizado pela gestão pública para definir a ordem de concessão das vagas – estaria sendo utilizado.
“Tem pai que chega lá de Hilux para deixar o filho, mãe que sai de lá com roupa de academia para ir treinar. A gente vê que eles realmente tem mais condições, como que os meninos deles conseguem vagas na rede e os de quem realmente precisa não [conseguem]?”, revelou.
Cansada de esperar, Anny Romariz, que enfrentou o mesmo problema, desistiu de aguardar a Prefeitura após tanto tempo sem respostas.
A solução encontrada por ela foi matricular o jovem Igor, de 12 anos, em uma unidade da rede estadual onde, diferentemente da municipal, o filho conseguiu a vaga sem maiores problemas e já está até mesmo com o kit escolar em mãos, outro ponto que a gestão de Anápolis ainda não conseguiu resolver.
“Não foi o ideal, porque ainda é muito longe da minha casa. A gente mora na Vila Jaiara e tem que ir até o Bandeiras, mas era isso ou ficar sem estudar”, finalizou.
O Portal 6 buscou contato com a Prefeitura, para saber mais detalhes sobre o andamento da lista de espera para as escolas da rede municipal, além de esclarecimentos sobre o critério de definição das vagas.
Entretanto, mais uma vez, nenhum retorno foi fornecido pela assessoria do Centro Administrativo.
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