Pelo menos 19 palestinos , incluindo crianças, foram mortos nesta quinta-feira (17) depois que um ataque israelense atingiu uma escola em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza , que está abrigando pessoas deslocadas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
O diretor médico do hospital Al-Shifa, Medhat Abbas, disse à agência de notícias Reuters que dezenas de pessoas também ficaram feridas no ataque e afirmou:
“Não há água para apagar o fogo. Não há nada.”
Israel mostra armas que teriam sido localizadas dentro de escola em Jabalia — Foto: Forças de Defesa de Israel / Divulgação
Em um comunicado oficial, as Forças de Defesa de Israel confirmaram o ataque à escola e afirmaram ter encontrado um arsenal de armas dentro do local:
“Os soldados descobriram dezenas de armas, explosivos, munição, tijolos explosivos e morteiros em uma escola localizada em uma área civil. Além disso, em uma das salas de aula, foi encontrado um quadro-negro, que havia sido usado pelos terroristas, com declarações em árabe elogiando o massacre de 7 de outubro”.
Em declaração, o Hamas negou que usasse a escola alvo do ataque, a Abu Hussein, em Jabalia, para fins de combate.
Quadro negro com mensagens exaltando ataque do Hamas a Israel em árabe — Foto: Forças de Defesa de Israel / Divulgação
À Reuters, moradores também disseram que as forças israelenses estão bombardeando casas e colocando bombas em prédios antes de explodi-los remotamente, e que, efetivamente, isolaram Beit Hanoun, Jabalia e Beit Lahiya, no extremo norte do enclave, bloqueando a saída das pessoas, exceto para as famílias com permissão para obedecer às ordens de evacuação e deixar as três cidades.
“Escrevemos nossas notas de falecimento e não vamos deixar Jabalia. A ocupação está punindo por não termos saído de nossas casas nos primeiros dias da guerra, e nós também não vamos sair agora. Eles estão explodindo casas e estradas, e estão nos matando de fome, mas morremos uma vez e não perdemos nosso orgulho”, disse um homem, pai de quatro filhos, mas que não quis se identificar por medo de represálias, através de mensagem em um aplicativo de bate-papo.
Intensificação dos ataques em Gaza
Um dos focos da ofensiva atual em Gaza é o campo de Jabalia, que fica no norte do enclave. O Hamas afirmou que seus combatentes vêm travando “batalhas ferozes” com as forças israelenses dentro e ao redor de Jabalia.
A operação levantou preocupações entre palestinos e agências da ONU de que Israel quer expulsar moradores do norte. O governo israelense nega.
Aumenta número de mortos por ataques em Gaza, no Líbano e em Israel
O Ministério da Saúde de Gaza disse que o Exército israelense ordenou que os três hospitais que operam lá fossem evacuados, mas a equipe médica disse que estava determinada a continuar seus serviços, mesmo estando sobrecarregada pelo crescente número de vítimas.
Na segunda-feira, o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, condenou o número de vítimas civis no norte de Gaza.
A parte norte de Gaza abriga bem mais da metade dos 2,3 milhões de pessoas do território, e centenas de milhares de moradores foram forçados a fugir de suas casas em meio a bombardeios pesados na primeira fase do ataque de Israel ao território.
Cerca de 400.000 pessoas permaneceram, de acordo com estimativas das Nações Unidas.
No total, mais de 42 mil pessoas já morreram em um ano de conflitos no território palestino — quase 20% eram crianças, de acordo com o governo local. O conflito levou à destruição de grandes áreas de Gaza e deslocou cerca de 90% de sua população de 2,3 milhões de pessoas, segundo as autoridades locais.
Israel lançou a ofensiva contra o Hamas após o ataque do grupo militante em 7 de outubro a Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 250 foram feitas reféns em Gaza, segundo contagens israelenses.