Biden, em certa medida, está pagando para ver, ao reverter a proibição do lançamento de mísseis em território russo. O presidente americano tenta assegurar, num esforço de última hora, o apoio adicional a Volodymyr Zelensky antes da posse de Trump, em 20 de janeiro. Ele deverá ser seguido por seus aliados europeus, como o Reino Unido, por exemplo, que permitirá que a Ucrânia use os mísseis de longo alcance Storm Shadow na Rússia.
Sem dizer como, Trump enfatizou que terminará a guerra entre Rússia e Ucrânia em poucos dias após a posse e sinalizou, em diversas ocasiões, que suspenderia a ajuda militar ao país. “Acho que Zelensky é o maior vendedor da história. Toda vez que vem ao nosso país, ele vai embora com US$ 60 bilhões de dólares”, repetiu, com exageros, durante a campanha eleitoral.
A autorização de Biden ao lançamento de mísseis de longo alcance tem como objetivo atingir tropas russas e norte-coreanas na região russa de Kursk, tomada em agosto pela Ucrânia. O ditador Kim Jong-un mandou 12 mil soldados para reforçar o Exército russo. “Estamos lutando agora contra dois países, Rússia e Coreia do Norte”, chiou Zelensky.
A questão é o quanto o uso desses mísseis impactará o rumo da guerra, mas analistas militares especulam que sua ação será restrita. Não está claro, por exemplo, quantos ATACMS a Ucrânia possui. Sabe-se que algumas dessas armas já foram utilizadas em alvos russos dentro do território ucraniano.
O Kremlin descreve a medida dos EUA como “uma nova reviravolta na escalada” no conflito e antecipou que o país reagirá “apropriadamente”. O atual governo americano se ampara na tese de que a permissão ao lançamento de mísseis americanos é uma reação a uma escalada russa, e visa a propiciar melhores condições a Zelensky.
O aval americano, contudo, chega tarde. Seu efeito deve ser limitado pela chegada de Trump ao poder.