Alegando uma suposta perseguição que a direita brasileira enfrenta, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que poderia ser preso a qualquer momento. “Sou perseguido o tempo todo. Posso ser preso ao sair daqui. Até você pode ser preso”, disse nesta segunda-feira 25 em entrevista a jornalistas no aeroporto de Brasília.
As falas do ex-capitão são após o seu indiciamento na semana passada por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O ex-presidente negou que tenha existido uma discussão sobre um golpe para impedir a posse do presidente eleito Lula (PT).
Segundo ele, o que fez foi apenas estudar todas as medidas possíveis dentro das “quatro linhas” da Constituição Federal. “Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe”, justificou.
Bolsonaro ainda minimizou os atos de 8 de Janeiro: “Ninguém dá golpe de Estado num domingo, em Brasília, com pessoas que estavam com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue, bolinha de gude e, muito menos, bastão”, afirmou.
As declarações do ex-presidente acontecem após áudios obtidos pela PF revelarem que o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Bolsonaro, tratou da tentativa de golpe de Estado no fim de 2022 com o general Mário Fernandes, preso e indiciado na semana passada.
Em uma das mensagens capturadas pela polícia, Cid afirma que o plano deveria ser entrar em ação “antes do dia 12”. Em 12 de dezembro, ocorreu a diplomação de Lula e de Geraldo Alckmin (PSB) na sede do Tribunal Superior Eleitoral.
Na gravação, o tenente-coronel também afirmou que conversaria com Bolsonaro. “Não, pode deixar, general. Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, né? Ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo tá curto, né? Não dá pra esperar muito mais passar, né?”
Além de Bolsonaro, mais 36 pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.