O exército isralense, por sua vez, acusa o Hezbollah de ter disparado cerca de 320 projéteis contra Israel durante o Yom Kippur, data sagrada para os judeus.
Um “bombardeio inimigo israelense em Maaysra”, um vilarejo xiita em uma área montanhosa predominantemente cristã ao norte de Beirute, deixou “cinco mortos e 14 feridos”, informou o ministério da Saúde do Líbano.
Enquanto isso, outro comunicado relatou “quatro mortos e 14 feridos” em um “bombardeio inimigo israelense” em Barja, no distrito de Shouf, ao sul da capital Beirute.
Além disso, um ataque israelense teve como alvo um mercado na cidade de Nabatiyeh, a cerca de dez quilômetros da fronteira com Israel, no sul do Líbano, informou a agência oficial libanesa ANI.
Tensão segue piorando
Essas hostilidades ocorrem enquanto Israel celebra o Yom Kippur, uma data sagrada do judaísmo conhecida como o dia da “expiação e do arrependimento” e que acontece da noite da sexta-feira até o pôr do sol deste sábado (12). Durante esse período, as fronteiras, os aeroportos e a maioria das empresas ficam fechados e os transportes públicos não funcionam.
“Durante todo o fim de semana do Yom Kippur, aproximadamente 320 projéteis disparados pela organização terrorista Hezbollah cruzaram a fronteira do Líbano para Israel”, afirmou o exército israelense em um comunicado.
Israel afirma ter atingido 280 “alvos terroristas” no Líbano e em Gaza no Yom Kippur. Entre estes alvos estavam infraestruturas terroristas subterrâneas, depósitos de armas, centros de comando militar e células terroristas”, afirmou o exército em um comunicado.
Os militares disseram a moradores do sul do Líbano para ‘não voltarem’ para suas casas.
A ofensiva reaviva um trauma de guerra na população libanesa, que ainda guarda as lembranças de conflitos passados com Israel, especialmente as agressões de 1982 e o trágico episódio de 2006, uma guerra que durou 34 dias e deixou mais de 1.000 mortos.
Situação da guerra
Depois de enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel transferiu, desde setembro, a frente de guerra para o Líbano. As ações têm o objetivo de afastar o Hezbollah das zonas fronteiriças e parar o lançamento de foguetes.
O governo israelense prometeu que permitirá o regresso ao norte de Israel de cerca de 60.000 habitantes deslocados.
Além disso, o exército designou cinco novas áreas no norte do país, ao longo da sua fronteira com o Líbano, como “zonas militares fechadas”, uma vez que as suas tropas estão envolvidas em combates terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano.
Segundo um comunicado de imprensa feito pelo exército israelense, as áreas de Zarit, Shomera, Shtula, Netua e Even Menachem são “declaradas zonas militares fechadas a partir das 20h00” deste sábado, no horário local, com entrada proibida.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta sexta-feira (11) ao Hezbollah para “parar imediatamente” os ataques contra Israel, acrescentando que um cessar-fogo deve ser “implementado imediatamente” no Líbano. A declaração foi feita durante um encontro com Nabih Berri, presidente da Câmara dos Deputados do Líbano.
Capacetes azuis feridos
“O conflito entre o Hezbollah e Israel não é apenas um conflito que envolve dois países. Muito em breve, poderá ser um conflito regional com um impacto catastrófico para todos”, disse à AFP, neste sábado, Andrea Tenenti, porta-voz das forças de paz da ONU no Líbano (UNIFIL).
Ele ainda afirmou que os confrontos entre Israel e o Hezbollah no sul do país causaram “muitos danos” às suas posições. O trabalho é “muito difícil porque há muitos danos, mesmo dentro das bases”, relatou Tenenti.
“Ainda ontem à noite, na posição das forças de paz de ganenses, uma explosão do lado de fora foi tão forte que destruiu contêineres que estavam dentro” da base, relatou.
Mais um capacete azul ficou ferido, subindo para cinco o número de soldados da missão de paz da ONU baleados no sul do Líbano. Pelo menos dois deles foram atingidos em ataques de tropas israelenses, gerando fortes reações internacionais.
Apesar disso, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) recusou a recomendação para se retirar cinco quilômetros mais ao norte para o território libanês, conforme exigido pelo exército israelense. “Houve uma decisão unânime para ficarmos, porque a bandeira da ONU deve ser hasteada nesta área, ” explicou Andrea Tenenti, porta-voz da força que conta com 10 mil capacetes azuis.