O IDH mede dados como os de expectativa de vida, renda e escolaridade da população a partir de um índice que vai de 0 a 1 – quanto mais perto de 1, melhor. Os dados coletados para a elaboração do ranking são de 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No mundo inteiro, o IDH avançou, mas de forma de desigual, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que elabora o ranking anual. A partir dos dados dos 193 países — todos referentes a 2022 — o PNUD diz ter observado que a recuperação dos anos da pandemia tem sido um processo “parcial, incompleto e desigual”:
- Por um lado, países ricos alcançaram índices recorde e mostraram que já se recuperaram das perdas geradas nos anos da pandemia de Covid-19;
- Por outro, metade das nações mais pobres regrediu e caiu de posição no ranking.
Suíça, Noruega e Islândia lideram a lista. No fim dela, ficaram Somália, Sudão do Sul e República Centro-Africana. Na América do Sul, o Brasil está atrás do Chile (44º lugar), Argentina (48º) e Uruguai (52º).
Brasil
O Brasil obteve um IDH de 0,760. O índice é semelhante ao que o país tinha antes da pandemia, quando ocupava a posição de número 84, e está um pouco acima da média mundial, de 0,739.
Apesar do desempenho estagnado há uma década no ranking, país permanece no grupo de nações com alto índice de desenvolvimento humano.
Entre os entraves para o desempenho brasileiro, segundo a ONU, está a dificuldade em dar continuidade para políticas públicas.
Isso prejudica, por exemplo, o desempenho na educação. Neste caso, o tempo médio de permanência na escola subiu muito pouco entre 2021 e 2022, chegando a 8,2 anos de estudo.
O tempo mínimo de estudo só na educação básica são 12 anos – do início da alfabetização até a conclusão do Ensino Médio.
Mundo
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2022 de países do mundo. O Brasil está na 89ª posição, com 0,760. O valor varia de 0 a 1 e quanto mais perto de 1, melhor. — Foto: Reprodução/Jornal Hoje
Além do crescimento de desigualdades, o mundo vive também um momento de grande polarização e de divisão geopolítica sem precedentes, ainda de acordo como relatório do IDH elaborado pelo PNUD.
Segundo o PNUD, mais da metade dos países menos desenvolvidos não se recuperou do impacto da pandemia, a maioria deles no continente africano.
Há ainda “um grupo extremo” de países como o Sudão, o Afeganistão e Mianmar, onde, segundo o PNUD, “a combinação da pandemia, crises fiscais e conflitos, às vezes guerras civis, os levou a uma situação na qual a recuperação nem sequer está na agenda“, segundo disse à agência de notícias AFP o coordenador da PNUD, Achim Steiner.
O Afeganistão, por exemplo, perdeu dez anos em termos de desenvolvimento humano e, na Ucrânia, o índice está no nível mais baixo desde 2004.
“Vivemos num mundo mais rico do que em qualquer outro momento da história da humanidade, pelo menos em termos financeiros (…). Mas há mais pessoas famintas, mais pessoas pobres do que há dez anos. Há cada vez mais guerras em todo o mundo, com dezenas de milhões de refugiados”, disse Steiner à AFP.
“É um mundo mais arriscado, que se volta contra si mesmo”, acrescentou.