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Cala-boca
Sindicatos denunciam perseguição política a professor e sindicalista demitido em colégio militar da Ilha do Governador
Por Maurício Thuswohl 05.12.2024 17h23
Alvo. Servidor concursado do Colégio Brigadeiro Newton Braga desde 1984, Gustavo Henrique Cornélio é filiado ao PT e sempre atuou no movimento sindical – Imagem: Redes Sociais e Redes Sociais/FAB
O Colégio Brigadeiro Newton Braga é um orgulho para a Aeronáutica. Desde 1960, quando foi criado pelo governo federal após uma campanha iniciada por dois capitães e um sargento atentos à “necessidade de formar filhos dos civis e militares da Força Aérea Brasileira”, a escola situada na Ilha do Governador, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, é considerada uma das melhores da cidade. Neste ano, a polêmica em torno da demissão pelo CBNB do professor Gustavo Henrique Cornélio, também sindicalista, manchou, no entanto, a reputação do estabelecimento e chegou ao conhecimento do presidente Lula. A demissão, segundo denúncia das entidades representativas dos trabalhadores do setor, pode ser a ponta de um iceberg de perseguição política nas escolas federais militares.
Assim como seus primos mais conhecidos, os Colégios Militares do Exército, o CBNB não é uma escola militar no sentido estrito, mas uma unidade voltada à Educação Básica, formada pelos ensinos Fundamental e Médio. Embora caiba ao Ministério da Educação coordenar o que é ensinado nas escolas federais durante essa fase, unidades do tipo têm natureza híbrida, pois devem prestar contas também ao Ministério da Defesa e ao comando de cada Força, que habitualmente indica seus diretores. Esse contexto nunca foi fácil para os professores concursados, que pela lei são considerados servidores civis das Forças Armadas, mas piorou consideravelmente durante o governo Bolsonaro, quando cresceu o número de denúncias de interferência acadêmica, imposição de conteúdo e cerceamento à liberdade de expressão em sala de aula levadas aos sindicatos de professores ou de servidores federais.
Maurício Thuswohl
Repórter de CartaCapital no Rio de Janeiro
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