Os israelenses não reagiram até o momento e afirmaram que a reposta será “na forma e no momento certo”. Seus aliados, inclusive os EUA, têm apelado para que os israelenses ajam com cautela. De acordo com o especialista em Israel Peter Lintl, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), a resposta israelense, a depender da sua natureza, pode ter consequências de longo alcance para o futuro próximo do Oriente Médio.
Antes mesmo de os primeiros drones chegarem a Israel, o Irã se apressou em falar que a ofensiva seria limitada e que considerava o assunto “concluído”. Alguns especialistas apontaram que o ineficiente ataque iraniano parece ter sido “performático”, funcionando mais como uma advertência a Israel.
Quem vai decidir qual será resposta de Israel?
As decisões decisivas devem ser tomadas pelo gabinete de guerra de Israel, um órgão multipartidário criado logo após o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro. Sua tarefa é direcionar o curso da guerra, sendo legalmente subordinado ao gabinete de segurança israelense. O ataque iraniano está de certa forma ligado à guerra de Israel na Faixa de Gaza, pois o Irã é um apoiador e financiador aberto da organização terrorista Hamas.
Quem são os membros do gabinete de guerra?
O gabinete de guerra é chefiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido conservador Likud. Os outros dois membros são:
- O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também do Likud.
- Benny Gantz, da aliança partidária HaMahane HaMamlachti.
O líder da oposição, Yair Lapid, recusou-se a participar.
Foram nomeados observadores do colegiado, embora não tenham direito a voto, eles participam das reuniões, as seguintes pessoas:
- O general reformado Gadi Eisenknot,
- O presidente do partido Shass, Arie Deri,
- O ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer (Likud)
Por que o gabinete foi formado?
O atual gabinete regular de Netanyahu é considerado o governo mais direitista que Israel já teve. De acordo com o cientista político Peter Lintl, o fato de o gabinete de guerra ser mais equilibrado serve para legitimar melhor as decisões políticas e militares que vêm sendo tomadas durante a guerra contra o Hamas. “Netanyahu já havia perdido muito apoio devido à polêmica reforma judicial, e o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro aumentou ainda mais a pressão”, avalia Lintl.
Dessa forma, o primeiro-ministro avaliou que as decisões relativas à guerra não seriam executadas sem o apoio de uma ampla coalizão e que haveria pressão crescente para que ele renunciasse.
Em base aérea, comandante de Israel diz que o país vai revidar ataque do Irã — Foto: Reprodução
Qual é a posição do gabinete em relação ao ataque do Irã?
“Um contra-ataque militar é muito provável, a questão é quando, como e onde”, supõe Peter Lintl. Os membros do gabinete têm opiniões diferentes sobre o que poderia ser um contra-ataque adequado. Reações simbólicas ou ataques cibernéticos também são concebíveis. “Só podemos ter a esperança que um contra-ataque israelense não seja imediato e tenha um escopo limitado para evitar uma escalada maior no conflito do Oriente Médio”, avalia o cientista político.