O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira 11, aumentar em um ponto percentual a taxa básica de juros. Com isso, a Selic salta de 11,25% para 12,25% ao ano.
Na última reunião, em 6 de novembro, o índice havia subido 0,5 ponto. Após passar um ano em 13,75%, a Selic teve seis cortes de 0,5 ponto e um de 0,25 entre agosto de 2023 e maio deste ano. O Copom manteve a taxa em 10,50% nas reuniões de junho e de julho, mas tornou a aumentá-la em setembro.
A decisão de elevar a taxa ocorre semanas após o Ministério da Fazenda apresentar um pacote fiscal para equilibrar as contas públicas. Entre as medidas anunciadas por Fernando Haddad (PT) estão a limitação do salário mínimo e mudanças no acesso ao abono salarial, na aposentadoria dos militares e na fiscalização do Bolsa Família e do BPC.
Há também uma proposta, sequer enviada ao Congresso Nacional, para isentar do Imposto de Renda quem recebe até 5 mil reais. A iniciativa gerou uma tensão no mercado financeiro e fez o dólar disparar.
Ao justificar a decisão desta quarta, o Banco Central cita um ambiente externo “desafiador”, devido principalmente à conjuntura econômica nos Estados Unidos. O argumento é que há dúvidas sobre os ritmos de desaceleração e desinflação — e, consequentemente, sobre a postura do Fed, o banco central americano.
No front doméstico, segundo o BC, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continua a apresentar dinamismo, com destaque para o Produto Interno Bruto do terceiro trimestre.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, indica o comunicado do BC.
O Copom projeta para as duas próximas reuniões “ajustes de mesma magnitude”, a se confirmar o cenário esperado. A Selic chegaria, portanto, a 14,25%.
“A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completa o colegiado.
Os próximos encontros do comitê ocorrerão entre 28 e 29 de janeiro e entre 18 e 19 de março de 2025.
Com a decisão do Copom nesta quarta, o Brasil tem a segunda maior taxa real de juros do mundo, segundo um monitoramento da consultoria MoneYou.
Em primeiro lugar no ranking da taxa real, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, está a Turquia, com 13,33%, ante 9,48% do Brasil.
Completam a lista dos dez primeiros Rússia (8,91%), Colômbia (6,46%), México (5,75%), África do Sul (4,48%), Indonésia (4,19%), Filipinas (2,92%), Índia (2,43%) e Hong Kong (2,13%).
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, ocorrem as apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro.
No segundo dia, os integrantes do comitê, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Cinco diretores indicados por Jair Bolsonaro (PL) integram o comitê: Roberto Campos Neto (presidente), Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes.
Os outros quatro foram escolhidos por Lula (PT): Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo (próximo presidente do BC a partir de janeiro de 2025), Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.
Quando a decisão é pelo aumento na Selic, o objetivo é desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também podem dificultar a expansão da economia.
Ao reduzir a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Confira os resultados das reuniões do Copom desde o último ciclo de redução:
- agosto de 2023: de 13,75% para 13,25%;
- setembro: de 13,25% para 12,75%;
- novembro: de 12,75% para 12,25%;
- dezembro: de 12,25% para 11,75%;
- janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
- março: de 11,25% para 10,75%;
- maio: de 10,75% para 10,50%;
- junho: manutenção em 10,50%;
- julho: manutenção em 10,50%;
- setembro: de 10,50% para 10,75%;
- novembro: de 10,75% para 11,25%;
- dezembro: de 11,25% para 12,25%.