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Adoniran Barbosa, com o nome verdadeiro de João Rubinato era um famoso cantor e compositor das ruas de São Paulo. São histórias e cantigas que o músico fala, que passam desde o dia a dia do trabalhador até os pequenos detalhes de uma imensa e rica cidade. O diretor Pedro Serrano, já responsável por um documentário e um curta sobre o artista, agora dá imaginação para uma mistura de narrativa construída por volta das músicas de Seu Adoniran.
Em uma mesa de bar, o velho Adoniran Barbosa conta a um jovem garçom histórias de uma São Paulo que já não existe. Ele lembra com carinho da maloca onde viveu com Joca e Mato Grosso, da paixão deles por Iracema e de outros personagens eternizados em seus sambas, crônicas de uma metrópole engolida pelo apetite voraz do progresso.
É um filme que mistura essa ideia de celebração da vida de Adoniran, tal como suas músicas e personagens, mas também busca retratar esse lado da gentrificação da cidade, de como aquelas pessoas são abandonadas por conta de um progresso alarmante e cada vez mais atual nos dias de hoje. É aquele “jeitinho brasileiro” retratado através das performances e histórias do filme. Paulo Miklos imprime bem essa ideia de várias faces e aquele jeito malandro de coexistir entre as pessoas. É uma mística construída em sua pessoa, ele nunca de fato será desvendado, mas sim celebrado.
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Uma mistura mais leve entre a celebração e humor. Os pontos mais sérios tocados no filme nunca são de fato aprofundados, funcionam mais com um lembrete. O bom humor do filme agrada pelo carisma, apesar de alguns momentos puxar um pouco o tapete do potencial do longa, lembra bastante aquele clima de novela das 18h.
De todo modo, Saudosa Maloca funciona como um agrado para essa breve passagem imaginativa entre as ruas de São Paulo e o talento de João Rubinato, ou melhor, Adoniran Barbosa. É uma bela homenagem, tanto na forma que o diretor consegue nos entregar seu carinho pela vida do artista, mas também fugir das convencionais cinebiografias genéricas e pouco inspiradas atualmente.