Uma delegação do Hamas, liderada pelo vice-chefe Khalil Al-Hayya, viajou até o Cairo, capital do Egito, para entregar uma resposta oficial à proposta formulada pelos países mediadores e pelos negociadores israelenses no fim de janeiro.
Uma autoridade americana garantiu que um acordo de cessar-fogo está “sobre a mesa” e que “a bola está no campo do Hamas”. Israel não confirmou sua aprovação desse plano.
Desde o primeiro ataque, o conflito entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas completa mais de cinco meses.
Mais de cem pessoas morrem durante distribuição de ajuda humanitária em Gaza
Após o ocorrido, vários países enviaram por ar pacotes de ajuda humanitária, devido à dificuldade de acesso ao território palestino, cercado por Israel desde 9 de outubro.
Entre os países que prestaram socorro estão a Jordânia, com o apoio da França, Holanda e do Reino Unido, e o Egito, que contou com a cooperação dos Emirados Árabes.
A ONG International Rescue Committee alertou que a entrega aérea de ajuda “não pode nem deve substituir o acesso humanitário”.
Hisham Abu Eid, um morador de 28 anos do bairro de Zeitun, em Gaza, disse que recebeu sacos de farinha na quinta-feira (29). “Mas isso não é suficiente. Todo mundo tem fome. A ajuda é escassa e insuficiente”, afirmou.
Bombardeios
Nas últimas 24 horas, o Exército israelense continuou bombardeando a Faixa de Gaza, deixando ao menos 92 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
Posteriormente, o Ministério informou que 11 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas em um bombardeio israelense contra um acampamento de deslocados perto de um hospital em Rafah, no sul da Faixa.
Uma trégua de uma semana em novembro permitiu que cerca de 100 reféns fossem trocados por 240 prisioneiros palestinos, e Israel estima que cerca de 130 pessoas permanecem em cativeiro, das quais 30 teriam morrido.
Em resposta, Israel lançou uma operação aérea e terrestre para “aniquilar” o Hamas, um movimento que classifica, assim como os Estados Unidos e a UE, como uma organização “terrorista”.
Segundo correspondentes da AFP, nas últimas horas Israel continuou com seus bombardeios na Faixa, principalmente em Khan Yunis e Rafah, no sul do território, em uma campanha que já matou 30.320 pessoas, segundo o Hamas.
Desde o início do conflito, a ajuda humanitária chega por via terrestre de forma limitada, através de Rafah, pois está sujeita a autorizações de Israel, que impõe um bloqueio a Gaza desde 2007 e que decretou um cerco total em 9 de outubro.
Segundo a ONU, 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes do território estão ameaçados pela fome. Nos últimos dias, 13 crianças morreram de “desnutrição e desidratação”, segundo autoridades de saúde do Hamas.
O Comando Central dos EUA (CentCom) na região informou que três aviões militares de carga C-130 “lançaram mais de 38.000 rações ao longo da costa de Gaza”.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, considerou inaceitável que soldados israelenses tenham atirado em civis que tentavam conseguir comida, e pediu uma “investigação internacional imparcial” sobre a tragédia.
Crianças em carro destruído em Rafah, em Gaza — Foto: AFP
Uma equipe da ONU visitou na quinta-feira o hospital Al-Shifa, em Gaza, onde foram internadas dezenas de pessoas feridas no ocorrido. O local recebeu “um grande número de baleados”, declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do chefe das Nações Unidas, António Guterres.
A comunidade internacional pediu uma investigação dos fatos e um cessar-fogo imediato.
Milhares de pessoas se reuniram em Jerusalém após uma marcha de quatro dias desde a fronteira com a Faixa de Gaza para pressionar o governo de Israel a acelerar a libertação dos reféns em poder do Hamas.
“Eles têm que fechar esse acordo”, disse Eyal Kalderon, primo de Ofer Kalderon, um dos reféns em Gaza. “Não sei se terão outra oportunidade, é agora ou nunca.”