A Espanha afirmou nesta segunda-feira (5) que enviará à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) mais 3,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 18,8 milhões). A medida vai na contramão do que diversos países fizeram nos últimos dias.
Por exemplo, dez dos principais países financiadores da agência suspenderam temporariamente suas doações à entidade: Alemanha, EUA, Austrália, Japão, Itália, Holanda, Canadá, Finlândia, Suíça e Reino Unido.
O motivo são acusações de um suposto envolvimento de funcionários da UNRWA nos ataques terroristas do Hamas a Israel, em 7 de outubro. Segundo o governo israelense, 12 funcionários da agência estiveram envolvidos no ataque que iniciou a guerra.
“A situação da UNRWA é desesperadora e existe um sério risco de que as suas atividades humanitárias sejam paralisadas em Gaza dentro de algumas semanas”, disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares. Em 2023, Madri ofereceu 18,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 100 milhões) à agência.
Outro país que também anunciou apoio financeiro à UNRWA foi Portugal. Na última sexta-feira (2), o governo português declarou que repassará 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,37 milhões).
O ministro das Relações Exteriores, João Cravinho, escreveu na rede social X (antigo Twitter), que era essencial “não virar as costas à população Palestina neste momento difícil”.
Um porta-voz da agência também disse que se o financiamento não for retomado, a UNRWA conseguirá prestar seus serviços em toda a região, incluindo Gaza, até fevereiro.
Pessoas fazem fila para receber ajuda em um centro de ajuda da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) no campo de refugiados palestinos Jaramana, em Damasco, na Síria, neste domingo (2) — Foto: Louai Beshara / AFP
Suposta relação da UNRWA com o Hamas
A UNRWA, criada em 1949 após a primeira guerra árabe-israelense, oferece serviços que incluem educação, cuidados primários de saúde e ajuda humanitária aos palestinos em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.
De acordo com a agência, metade de seu orçamento é investido em educação. A agência mantém mais de 700 escolas, o que faz dela a única organização da ONU a operar um sistema escolar completo, de acordo com um comunicado à imprensa de maio de 2023.
Porém, o porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, afirmou que a UNRWA é uma fachada para o Hamas.
“A agência foi comprometida de três maneiras: contratando terroristas em massa, deixando suas instalações serem usadas para atividades militares do Hamas e se apoiando no Hamas para a distribuição da ajuda na Faixa de Gaza”, afirmou.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, por sua vez, prometeu responsabilizar “qualquer funcionário envolvido em atos de terror” e pediu para que os países não deixem de apoiar a UNRWA.