O principal tema, segundo o Itamaraty, será a reforma de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Também serão debatidos o combate à fome e a transição energética —essa será uma prévia da cúpula com participação dos chefes de estado do G20, a ser realizada em 18 e 19 de novembro, também no Rio.
Blinken se encontrará com o presidente Lula e, depois da reunião do G20, vai a Buenos Aires para um encontro com Javier Milei, da Argentina. Lavrov esteve em Cuba e na Venezuela antes de chegar ao Brasil.
O G20 não é uma instituição como a ONU ou a Organização Mundial do Comércio, que têm secretariado. Na prática, é um grupo de diálogo. Ao país que preside temporariamente o G20, cabe receber os representantes de outros países, organizar as reuniões e pautar as discussões.
O Brasil preside desde 1º de dezembro de 2023 o G20. O mandato vai até 30 de novembro deste ano.
Ainda não há uma lista confirmada de presença, mas sabe-se que pelo menos três países não vão enviar os ministros, mas, sim, os vice-chanceleres:
Tema: reforma da ONU, FMI e Banco Mundial
Como presidente temporário do grupo, o Brasil escolheu três temas prioritários para serem discutidos ao longo do ano. Os temas são os seguintes:
- Combate à fome, à pobreza e às desigualdades.
- Transição energética e enfrentamento às mudanças climáticas.
- Reformas das instituições multilaterais.
Como o tema da reforma das instituições é pertinente às Relações Exteriores, e o encontro desta semana no Rio é de ministros desta pasta, esse deverá ser o principal tema a ser debatido.
O presidente Lula (PT) tem repetido em seus discursos que considera que é preciso reformar instituições como a ONU, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Em sua visita recente à Etiópia ele voltou a citar o tema. Segundo ele, a ONU não tem “dado conta” de resolver os problemas. “Os membros do Conselho de Segurança são os maiores produtores de armas. São os que detêm as armas nucleares. São os que têm direito de veto, e são os que não cumprem nada porque não se submetem ao próprio Conselho de Segurança”, afirmou o presidente.
Ele também fez críticas ao desempenho atual do FMI e Banco Mundial: “[Essas entidades] vão servir para financiar desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?”.
Tema não é novo
O tema da reforma de instituições como a ONU não é novo, diz Victor do Prado, conselheiro consultivo internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e ex-diretor do Conselho e do Comitê de Negociações Comerciais da OMC.
“Essa é uma agenda que ‘peregrina’, porque ela vai e volta. O que as pessoas querem é que a ideia [de uma reforma] não morra, mas o ambiente internacional para que isso tenha uma chance de ser concretizado é desfavorável. Veja, por exemplo, o Conselho de Segurança da ONU. Estão lá EUA, China e Rússia, três países que têm dificuldades para chegar a acordos”, diz ele.
Prado diz que nos anos 1990, após a queda do Muro de Berlim, o ambiente internacional era mais propício para uma mudança desses órgãos.
Para ele, faz sentido manter o debate aceso, mas de uma maneira realista. “No fundo, como o Brasil não tem poder militar nem nuclear, depende de ‘soft power’, o que se adquire com credibilidade no discurso e nas ações, e nos últimos dias o Brasil teve um revés nesse aspecto”, disse ele, referindo-se à fala do presidente Lula ao comparar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto.
O G20 é formado pelos seguintes membros:
- África do Sul;
- Alemanha;
- Arábia Saudita;
- Argentina;
- Austrália;
- Brasil;
- Canadá;
- China;
- Coreia do Sul;
- Estados Unidos;
- França;
- Índia;
- Indonésia;
- Itália;
- Japão;
- México;
- Reino Unido;
- Rússia;
- Turquia;
- União Europeia;
- União Africana.