A embaixada do Brasil na França publicou, nesta segunda-feira 25, um comunicado criticando a decisão do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, de suspender a compra de carnes do Mercosul. O líder da empresa justificou a medida com um suposto “risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas”.
Segundo a representação brasileira, sua declaração “reflete uma opinião e preocupações infundadas quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos provenientes da pecuária brasileira”, disse em nota. O governo brasileiro ainda afirmou que a a resistência francesa ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul não pode se manifestar como uma campanha de “desinformação sobre os produtores brasileiros”.
Agricultores franceses têm pressionado o governo a não aceitar os termos do acordo, justificando supostas questões ambientais do agro do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
“O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. No entanto, tal posição não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação sobre os produtores brasileiros”, afirmou a embaixada.
O governo brasileiro ainda reforçou que os produtores brasileiros seguem normas de sustentabilidade e produção muitas vezes mais rigorosas do que as da União Europeia.
“Além das áreas protegidas, que representam quase metade do território amazônico, nosso Código Florestal reserva entre 20% e 80% da área total das propriedades rurais à proteção da vegetação nativa (80% na Amazônia), números que são equivalentes à regulamentação europeia”, disse.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também rejeitou a decisão da empresa francesa e disse que “parece uma ação orquestrada”. “Não precisava ficar procurando pretexto naquilo que não existe na produção sustentável e exemplar brasileira”, complementou Fávaro.
Além disso, o ministro manifestou apoio ao boicote anunciado por empresas brasileiras do setor, que decidiram paralisar a venda de carne e de frango à rede nacional do grupo francês – formado ainda pelos mercados Sam’s Club e Atacadão.
Segundo Fávaro, a decisão tem o apoio integral da pasta e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, que reúne 43 empresas do setor, responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais.
Além do governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) sugeriu, nesta segunda, que o Congresso Nacional paute medidas de “reciprocidade econômica” contra a França.
“Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate de uma declaração de praticamente não contratar as proteínas animais advindas e oriundas da América do Sul”, afirmou, durante a abertura de um evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em São Paulo.