Governo equatoriano considerou infeliz a comparação que López Obrador fez entre o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador nas eleições de 2023, a violência nas eleições do México. Gestão Noboa pede que embaixadora deixe o país em breve.
Andrés Manuel López Obrador, presidente do México (à esquerda), e Daniel Noboa, presidente do Equador (à direita). — Foto: REUTERS/Henry Romero e REUTERS/Karen Toro
O governo do Equador declarou a embaixadora do México no país “persona non grata” nesta quinta-feira (4), por julgar que o presidente mexicano López Obrador fez comentários “infelizes” sobre as eleições equatorianas no ano passado.
O governo equatoriano de Daniel Noboa também solicitou que a embaixadora mexicana Raquel Serur Smeke deixe o país “em breve”, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Equador. A pasta não especificou a data em que a diplomata deverá deixar o país.
O presidente mexicano afirmou também que a então candidata presidencial equatoriana de esquerda Luisa González foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio e culpou a mídia do Equador, que ele disse ser corrupta.
Obrador usou essa comparação para atacar os veículos de mídia mexicanos, alvos frequentes de críticas por parte dele.
“Estou falando sobre isso para que os proprietários de veículos de mídia e aqueles que estão participando dessas campanhas assumam a responsabilidade”, acrescentou López Obrador.
O termo “persona non grata” é um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo. A nomenclatura foi descrita no artigo 9 da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.
Segundo Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional, o termo costuma ser usado para pessoas detratoras, que apresentam algum risco de hostilidade para um determinado país.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Equador afirmou que a nação continua de luto pelo assassinato de Villavicencio e que seu governo está comprometido com o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países.
González, uma protegida do ex-presidente equatoriano Rafael Correa, perdeu a disputa presidencial para Daniel Noboa em outubro do ano passado. Noboa assumiu o cargo em novembro com a promessa de combater gangues de drogas e conter a crescente violência.