⛰️⛰️Os Alpes são a cadeia montanhosa mais alta e extensa da Europa. As montanhas se estendem por 1.200 quilômetros e ocupam uma área de cerca de 200.00 km². A cadeia abrange oito países: França, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, Eslovênia, Liechtenstein e Mônaco.
Localização dos Alpes na Europa. — Foto: Arte/g1
A análise mostra que as altas temperaturas registradas durante o verão europeu, com recorrentes ondas de calor, tiveram um papel fundamental para a perda de gelo glaciar em todo o continente.
Além disso, boa parte da Europa teve menos dias com neve do que a média, o que contribuiu para o menor acúmulo de gelo – principalmente na Europa central e nos Alpes.
Francesca Guglielmo, cientista sênior do Copernicus, explica que o derretimento observado tem duas consequências diretas:
🚰 Hidrológicas: menos água armazenada no solo, refletindo em menos recursos hídricos disponíveis durante o período de degelo do ano (primavera).
⛰️ Físicas: menos cobertura de neve significa que uma superfície mais escura vai ficar exposta à luz solar, absorvendo mais calor do que a neve. Com isso, a temperatura dessas regiões deve passar a ser, em média, mais quente do que em um ano de queda normal de neve.
“Além das consequências climáticas, a falta de acúmulo de neve pode afetar negativamente o setor turístico e, por sua vez, a economia local”, complementa Guglielmo.
O relatório também evidencia o impacto das mudanças climáticas de maneira geral no clima europeu e na saúde da população.
👉 Entre os principais destaques do documento estão:
- Registro de temperaturas recordes na Europa ao longo do ano;
- Aumento da temperatura média dos oceanos que banham o continente europeu;
- Alteração do regime de chuvas e nível dos rios;
- Mudança no clima da região do Ártico, com alta nas temperaturas médias continentais e oceânicas.
Confira abaixo mais detalhes sobre cada ponto do relatório.
Temperaturas recordes
Segundo o relatório, os termômetros registraram marcas acima da média ao longo de 11 meses do ano – incluindo o mês de setembro mais quente já observado.
O documento também aponta que o ano passado teve um número recorde de dias com o chamado “estresse térmico extremo”. De acordo com o observatório, há uma tendência de aumento na quantidade de dias com ao menos “forte estresse térmico” na Europa.
Mapa mostra, por meio de cores, o número de dias em 2023 sob ‘estresse térmico muito forte’. Quanto mais escuro, maior o número de dias. — Foto: Copernicus
🥵🌡️ Os dias de estresse térmico são aqueles em que o calor está em níveis superiores ao que o corpo consegue tolerar sem comprometer as funções fisiológicas. É o que acontece com frequência durante períodos de onda de calor.
“A exposição ao calor excessivo pode ter uma ampla gama de impactos fisiológicos no corpo humano, afetando os principais órgãos e sistemas e, muitas vezes, agravando condições existentes. Isso pode resultar até em mortes prematuras”, alerta Francesca Guglielmo.
Em um contexto em que a população precisa enfrentar temperaturas recordes, os dados também mostram que taxa de mortalidade relacionada ao calor teve alta de cerca de 30% nos últimos 20 anos.
Oceanos aquecidos e mais chuvas
Outra alteração provocada pelas mudanças climáticas foi o aquecimento dos oceanos e, consequentemente, a alteração no regime de chuvas na Europa.
O relatório alerta que a temperatura média das águas que banham o continente europeu foi a mais alta já registrada.
Assim como ocorreu em diversos países da Europa, o Oceano Atlântico foi impactado por uma onda de calor marinha, classificada como extrema. Em junho, as águas no entorno da Irlanda e do Reino Unido chegaram a ficar 5°C acima da média.
Com a superfície do mar mais aquecida, houve também mudanças nas chuvas. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, em 2023, a Europa registrou um nível de precipitação 7% maior do que a média.
Mudança no clima no Ártico
Além do derretimento de geleiras observado nos Alpes, o Ártico também foi muito impactado pelo aumento das temperaturas em 2023. Segundo o documento, o ano foi o sexto mais quente já registrado na região.
Com isso, a extensão de gelo no Mar Ártico permaneceu abaixo da média durante a maior parte do ano.
Para se ter uma ideia, no máximo de gelo anual, registrado em março, a extensão mensal ficou 4% abaixo da média. Já no mínimo anual, em setembro, a extensão foi a sexta menor já observada, ficando 18% abaixo da média.
“Muitos dos diversos eventos extremos observados podem ser atribuídos às alterações climáticas e devem se tornar mais frequentes, intensos e durar mais tempo”, prevê a porta-voz do Copernicus.
Entenda a crise do clima em gráficos e mapas