O grupo, segundo autoridades locais, faria uma homenagem pelos quatro anos da morte de Soleimani, ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã e uma das pessoas mais influentes no país quando morreu, em 3 de janeiro de 2020.
O governo iraniano chamou a explosão de “atentado terrorista” e disse se tratar de um ataque suicida cometido por pessoas que estavam no meio da multidão. Nenhum grupo havia reivindicado o ataque até a última atualização desta reportagem.
A imprensa local afirmou que as explosões ocorreram em uma rua a caminho do cemitério onde o corpo de Soleimani está enterrado, na cidade de Kerman, na região central do país.
A primeira explosão, segundo o serviço de emergência de Kerman, aconteceu a cerca de 700 metros do túmulo do general iraniano. Pelas redes sociais, pessoas que estavam no local relataram haver centenas de corpos espalhados.
Já a segunda explosão ocorreu minutos depois, em um ponto mais afastado e perto das primeiras equipes de emergência que já haviam chegado, ainda de acordo com as autoridades locais.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, não nomeou culpados mas afirmou que o ataque foi feito por “inimigos malignos e criminosos da nação iraniana”.
“Os inimigos malignos e criminosos da nação iraniana criaram mais uma vez uma tragédia e martirizaram um grande número do nosso querido povo em Kerman, na atmosfera perfumada dos túmulos dos mártires em Kerman”, declarou, em comunicado.
O ministro de Interior iraniano, Ahmad Vahidi, prometeu uma “resposta retumbante”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou o ataque e disse condenar “o terrorismo em todas as suas formas”.
Os Estados Unidos disseram não estar envolvidos de nenhuma forma nas explosões, e disse “não ter razão” para acreditar que Israel tenha ligação com o ocorrido.
Equipes do serviço de emergência do Irã atendem a um dos feridos durante explosões em procissão em homenagem aos quatro anos de morte do general Qassem Soleimani, em 3 de janeiro de 2024. — Foto: Mehr News via AFP
Morte de Soleimani
Imagem da procissão ao túmulo do general iraniano Qassem Soleimani logo após duas explosões atingirem o local, no Irã, em 3 de janeiro de 2024. — Foto: Iran Press via AFP
A morte de Soleimani, considerado um herói nacional no Irã, provocou uma onda de revolta no país contra os Estados Unidos.
Ele foi morto por um ataque com drones no aeroporto internacional de Bagdá, no Iraque, onde Soleimani estava, acompanhado de uma comitiva, em uma operação secreta ordenada pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
À época, o Pentágono, que comandou o ataque, alegou que Soleimani estava por trás de mortes de soldados norte-americanos no Oriente Médio e planejava futuros ataques iranianos.
Logo após o ataque, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança e disse que “redobraria” a “resistência” contra os EUA e Israel.
Desde então, o governo iraniano tem aumentado o apoio e o financiamento a grupos que atuam contra Israel, como o Hamas e o Hezbollah.
Quando morreu, ele liderava havia 15 anos a Força Al Quds, a unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, e era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país.
Em foto de 2016, Qassem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, participa de um reunião em Terrã, no Irã — Foto: Office of the Iranian Supreme Leader via AP, Arquivo
Imagem mostra detalhes de modelo de drone que teria sido usado em ataque que matou o general Qassem Soleimani — Foto: Amanda Paes/G1