O vídeo mostra policiais encapuzados e armados com metralhadoras pulando os muros da embaixada. De acordo com as legendas do vídeo fornecidas pelo governo mexicano, um dos agentes aponta uma arma para o chefe da missão, Roberto Canseco, quando este tenta impedir a prisão de Glas.
Canseco também foi detido, por tentar bloquer a passagem de duas viaturas que participaram da operação.
Glas recebeu asilo político do México e estava na embaixada desde dezembro 2023. Ele alega ser vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador.
Momento em que policiais do Equador imobilizam ex-vice-presidente Jorge Glas e o conduzem para fora da Embaixada do México — Foto: Reprodução/Governo do México
O presidente do Equador, Daniel Noboa, publicou na rede X (antigo Twitter) nesta segunda-feira (8) uma justificativa para a invasão da embaixada, dizendo que se trata de uma decisão excepcional que ele tomou para “proteger a segurança nacional e a dignidade de um povo que rejeita qualquer tipo de impunidade para criminais, delinquentes, corruptos ou narcoterroristas”.
O governo mexicano disse nesta segunda-feira que não tomará medidas contra a missão diplomática do Equador após o rompimento das relações bilaterais na esteira da invasão de sua embaixada em Quito na sexta-feira, e anunciou que prepara queixas a órgãos internacionais.
Inviolabilidade
De acordo com a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961, os locais de missões de um país dentro de um outro — como embaixadas e consulados — são considerados invioláveis. Equador e México aderiram à regra na década de 1960.
Segundo o tratado, a entrada de agentes de Estado dentro desses locais depende da autorização do chefe da missão estrangeira. Ou seja, no caso do Equador, a polícia deveria solicitar permissão ao embaixador mexicano para ingressar na Embaixada do México.
Posição de outros países
Diversos países, como os Estados Unidos, o Canadá, a União Europeia e também o Brasil, se manifestaram contra a invasão da embaixada do México em Quito. O Brasil afirmou que é um episódio que abre um “grave precedente”.
“A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização. O governo brasileiro manifesta, finalmente, sua solidariedade ao governo mexicano”, disse, em nota, o Itamaraty.
O presidente Andrés Manuel López Obrador agradeceu a decisão da Nicarágua de romper relações com o Equador e as demonstrações de solidariedade de governos de várias nações latino-americanas, que se somaram às dos EUA, Canadá e União Europeia.
Além de agradecer a solidariedade internacional ao México, López Obrador reiterou que a invasão da embaixada mexicana foi uma “violação flagrante” da soberania do país, do direito de asilo e das leis internacionais.
“Foi um ato autoritário, inacreditável, às vezes é ruim usar exemplos, mas nem mesmo Pinochet, o temível Pinochet e outros ousaram fazer isso”, disse , referindo-se ao ditador chileno Augusto Pinochet.