A porta se soltou do lado esquerdo de um avião da Alaska Airlines na sexta-feira (5), após a decolagem em Portland, no Oregon. O voo tinha como destino a cidade de Ontário, no Canadá, mas precisou fazer um pouso de emergência após o incidente. Ninguém se machucou.
A presidente da NTSB, Jennifer Homendy, disse estar aliviada após a porta ter sido encontrada. Ela acredita que o item é um componente-chave para determinar por que o acidente aconteceu.
“Nossa equipe de estruturas vai querer examinar tudo na porta. Todos os componentes para ver as marcas de testemunho, para ver qualquer transferência de tinta, em que estado a porta estava quando encontrada. Isso pode dizer muito sobre o que ocorreu”, afirmou.
As autoridades também afirmaram que não foi possível recuperar a gravação de voz da cabine do Boeing 737 Max 9, uma vez que os dados foram sobrescritos.
Isso significa que os dados não foram recuperados em um intervalo de até duas horas, que é quando a gravação reinicia, e os dados anteriores são apagados — como manda a legislação norte-americana.
“É um evento muito caótico. O disjuntor para o CVR (gravador de voz da cabine) não foi desligado. A equipe de manutenção foi buscá-lo, mas estava bem próximo da marca de duas horas”, disse Homendy.
A presidente da NTSB disse ainda que a perda da gravação significa, também, em uma perda de segurança. O órgão defende que o Congresso dos EUA amplie a regra de gravações para 25 horas.
Por que esses aviões têm a porta ‘falsa’
O problema no voo da Alaska ocorreu em tampão de porta, também conhecida como uma porta “falsa”, na parte do meio do Boeing 737 Max 9.
Essa porta extra existe em todo 737 Max 9 para atender aos requisitos de evacuação de passageiros em caso de emergência, mas não necessariamente está apta a funcionar.
A porta é adotada como saída de emergência por companhias aéreas que usam a configuração de assentos máxima do Max 9, com 220 passageiros.
Aviões com a porta falsa comportam obrigatoriamente menos gente: a capacidade máxima cai para até 189 assentos.
No caso da Alaska Airlines, são 178 lugares, segundo o site da companhia. Na prática, o voo tem menos passageiros a bordo, o que dispensa usar essa saída de emergência — e ela, então, fica bloqueada.
Só por fora é possível perceber se tratar de uma porta, sendo que do lado de dentro ela se assemelha a uma janela.
Risco aos passageiros e suspensão de voos
Por causa do risco de o problema na porta “falsa” ocorrer em outras aeronaves, a agência federal de aviação dos EUA (FAA) determinou a suspensão de voos de algumas aeronaves Boeing 737 Max 9.
A suspensão valerá até que esses aviões sejam inspecionados. A medida atinge 171 aeronaves em todo o mundo, segundo a FAA.
Ao justificar a suspensão, a FAA apontou o risco de outras aeronaves terem problemas na porta desativada, o que classificou de “condição insegura”.
A agência apontou ainda que a perda da porta durante um voo, caso se repetisse, poderia resultar em “ferimentos aos passageiros e tripulação, impacto da porta no avião e/ou perda de controle do avião”