O Irã tem o segundo maior contingente de tropas do Oriente Médio. (Veja detalhes abaixo)
O ataque em Damasco marca a escalada da violência no Oriente Médio, intensificada pela guerra entre Israel e o grupo Hamas. O conflito chega ao sexto mês e soma mais de 33 mil mortos — 32 mil palestinos, segundo o Hamas, e 1.200 israelenses.
Um levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) e atualizado pela última vez em fevereiro de 2023, mostra que o Irã tem um contingente militar de 650 mil pessoas e que a guarda, que é uma divisão importante das forças armadas iranianas, é responsável por 190 mil combatentes. Trata-se do segundo maior contingente do Oriente Médio, atrás do Egito.
Bandeira do Irã perto de prédio atacado em Damasco, na Síria, em 1º de abril de 2024 — Foto: Firas Makdesi/Reuters
Já Israel tem 177,5 mil militares, entre Exército, Marinha, Aeronáutica e outras forças. Esse número, no entanto, não considera os reservistas, convocados quando há conflito.
O grande diferencial de Israel é a posse de bombas nucleares. De acordo com a Federação dos Cientistas Americanos (FAS), Israel é o único país da região que possui armamento nuclear, embora o governo israelense não reconheça possuir bombas.
O Irã tem enriquecido urânio a um nível próximo do necessário para se criar uma bomba nuclear, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) obtido em 2023 pela Agência France-Presse. No entanto, não há indícios de que o país tenha ogivas nucleares. (Leia mais sobre o Irã abaixo)
O levantamento do IISS considera como forças da Cisjordânia aquelas sob comando da Autoridade Palestina, enquanto na Faixa de Gaza é contabilizado o efeitivo sob comando do Hamas. O g1 adotou a lista de países do Oriente Médio usada pela Agência de Inteligência dos EUA (CIA), incluindo o Egito por causa da influência na guerra entre Israel e o Hamas. — Foto: Kayan Albertin/g1
Mais sobre o Irã
Os dados divulgados pelo instituto mostram que a Guarda Revolucionária Iraniana tem um efetivo superior ao de 11 países da região. É maior do que todo a força militar da ativa de Israel, que conta com quase 180 mil combatentes e 400 mil reservistas.
O governo iraniano tem desempenhado um papel oculto na guerra. Oficialmente, critica a violência empregada por Israel na Faixa de Gaza. Extraoficialmente, patrocina o Hamas, que tem cerca de 20 mil combatentes e que luta em seu lugar por meio de uma “guerra por procuração”.
O Irã também participa de conflitos no Oriente Médio por meio dos outros grupos que patrocina. Um deles é o Hezbollah, que tem um contingente militar superior ao do Líbano, país que o grupo armado utiliza como base. Os cerca de 20 mil Houthis que lutam na guerra civil no Iêmen também recebem apoio iraniano.
“O Irã é um ator que, através de uma coalizão de forças não estatais, atua de uma forma agressiva [no Oriente Médio]. Qualquer ação dos Houthis, do Hezbollah e do Hamas, é feita em coordenação com o Irã. Eles têm essa doutrina da defesa ativa”, afirma Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC de São Paulo.
A defesa ativa é termo normalmente associado a ações de grupos armados que buscam marcar uma posição. Pode ser o apoio a um grupo ou a um país aliado que esteja em conflito ou mesmo uma demonstração de força por meio de um ataque.
Amaral explica que o contingente militar é apenas uma das variáveis levadas em consideração quando o assunto é a força de um Estado.
O relatório do IISS mostra ainda que o Egito é o país com maior contingente militar no Oriente Médio com mais de 835 mil pessoas. Apesar disso, o país não é tão influente na região quanto Arábia Saudita e Irã, países que contam com mais tecnologia militar, têm melhor desenvolvimento armamentista e são grandes exportadores de petróleo.
Fatores como a capacidade industrial de armamentos, a capacidade tecnológica militar, e a quantidade de tanques, aviões e porta-aviões, por exemplo, fazem parte do cálculo do jogo de poder regional.
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Nas forças terrestres e nas forças aéreas, os tipos de armamentos mais comuns são os tanques blindados de batalha e as aeronaves de combate. Em ambos os casos, as duas maiores frotas são as do Irã, que tem 1.513 tanques e 312 aeronaves, e as da Arábia Saudita, com 1.010 tanques e 455 aeronaves.
Já no mar, são pouquíssimos os países do Oriente Médio que têm submarinos. A maior frota é a do Irã, com 17, seguida pela Turquia, com 12, Egito, 8, e Israel e Jordânia, ambos com 5.