Na noite de sábado, o ministro da Segurança Interna, Itamar Ben Gvir, um político de extrema direita do partido Poder Judaico, pediu uma ação “esmagadora”.
O líder opositor Yair Lapid questionou os membros do gabinete, formado por uma coalizão de extrema direita, aos quais se somaram políticos de centro após o início do conflito contra o Hamas em Gaza, que se seguiu ao ataque de 7 de outubro. “Pedir aos ministros deste governo que adotem um comportamento responsável é uma missão impossível, mas, pelo menos, eles têm que parar de brandir ameaças ao Irã na mídia“, publicou na rede social X.
Os EUA afirmaram que querem evitar uma propagação do conflito no Oriente Médio e avisaram que não vão participar de uma operação contra o Irã. Outros países aliados de Israel, como França e Reino Unido, que contribuíram para interceptar o ataque, também se distanciaram.
O Irã afirmou que qualquer ação “temerária” de Israel terá uma resposta “muito mais forte”.
Em base aérea, comandante de Israel diz que o país vai revidar ataque do Irã — Foto: Reprodução
Resposta encoberta
Israel, que podia ficar isolado devido às críticas à sua gestão do conflito com o Hamas, elogiou a cooperação de EUA, Reino Unido e França, além de países da região, para interceptar o ataque do Irã.
O apoio dos aliados foi importante para que o sistema de defesa de Israel não ficasse sobrecarregado com a quantidade de artefatos –foram cerca de 300– disparados pelo Irã.
Coalizão de dissuasão
Em setembro de 2022, Israel afirmou que tinha planos para formar “uma coalizão de dissuasão” contra o Irã e pediu a ajuda de vários países. Dissuadir significa mudar de ideia, e no mundo militar, a ideia é fazer com que um inimigo tenha receio de atacar por ter medo da resposta.
Devido às ações de Israel na Faixa de Gaza, o país poderia ficar isolado geopoliticamente, afirmou no mês passado o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Por isso, uma demonstração de apoio como a que ocorreu na noite de sábado, quando diversos países ajudaram a derrubar drones iranianos. foi importante para os israelenses.
Para não incomodar os aliados, que querem que a temperatura baixe, Israel pode adiar uma possível represália.
Calev Ben-Dor, ex-analista do Ministério das Relações Exteriores de Israel e vice-diretor da revista especializada Fathom, afirmou que “seria útil manter essa aliança de defesa ocidental, sunita e israelense, quase sem precedentes, o que favorece uma moderação”.
“Ao mesmo tempo, você não pode ser atacado por mais de 300 mísseis no Oriente Médio e não fazer nada. Acredito que Israel vai ‘devolver’ o golpe em algum momento, provavelmente de forma mais encoberta do que pública, no momento e local que escolher”, disse o especialista.
O pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri) Jean-Loup Samaan afirmou que não vai haver uma ação frontal, porque ela não contaria com a aprovação dos EUA.
Um diplomata de um país que participou da coalizão disse à agência de notícias AFP que ficou satisfeito com o fato de “uma linha dura” não ter sido imposta logo no fim de semana. Sobre o silêncio de Netanyahu, o ex-diplomata israelense Jeremy Issacharoff disse que”quanto menos se falar, melhor: “Acho que os iranianos deveriam estar preocupados e deve-se esconder deles tudo o que for possível. Ninguém deve dar a eles nenhuma garantia”, afirmou.
Ataque inédito
Comemoração em Teerã após ataques a Israel — Foto: Majid Asgaripour/West Asia News Agency/Via Reuters
Militares do Irã ameaçaram uma ofensiva ainda maior se Israel contra-atacar. O governo iraniano também disse que pode atingir bases dos Estados Unidos caso Washington apoie uma retaliação israelense.