O gabinete de guerra de Israel autorizou o governo a “tomar medidas imediatas para aumentar a ajuda humanitária à população civil da Faixa de Gaza”, informou o gabinete de Netanyahu.
Segundo o gabinete, isso permitirá “evitar uma crise humanitária, e é necessário para garantir a continuação dos combates e alcançar os objetivos da guerra”.
No comunicado, o gabinete do primeiro-ministro explica que será autorizado o acesso de ajuda através de dois pontos:
- o porto israelense de Asdod, a cerca de 35 km de Gaza;
- a passagem de Erez, situado no norte do território palestino.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro, a ajuda humanitária entra a conta-gotas na Faixa de Gaza e mal chega ao norte do território. A região foi devastada pelos combates e está ameaçada pela fome iminente, segundo a ONU.
As autoridades também vão permitir “o aumento da ajuda jordaniana pela passagem de Kerem Shalom”, um posto fronteiriço no extremo sul de Israel.
Até agora, a maior parte da ajuda humanitária entra em Gaza pela cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, no extremo sul do território palestino.
Depois do telefonema entre Biden e Netanyahu, os Estados Unidos exigiram um “aumento drástico” da ajuda humanitária a Gaza, com medidas concretas “nas próximas horas e dias”.
O presidente norte-americano enfrenta uma pressão interna por seu apoio a Israel no conflito. Os aliados de Biden pedem para que ele considere a possibilidade de condicionar os bilhões de dólares em ajuda militar a Israel em troca da moderação no conflito.
Preocupação com Rafah
Fotografia mostra fumaça sobre Khan Yunis, no sul de Gaza, em 16 de janeiro de 2024 — Foto: Mahmud Hams/AFP
O conflito começou em 7 de outubro, após um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense. Ao todo, 1.170 pessoas foram mortas, sendo a maioria civis. Os dados foram reunidos por uma nova contagem da AFP a partir de dados oficiais.
Os combatentes islamistas também capturaram mais de 250 pessoas, das quais 130 continuam retidas em Gaza. Dentre os reféns, 34 teriam morrido, segundo autoridades israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre implacável em Gaza que já deixou 33.037 palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
Netanyahu prometeu “aniquilar” o Hamas e afirma que é necessário lançar uma ofensiva contra Rafah, no extremo sul do território. O objetivo seria erradicar o que primeiro-ministro considera ser o último “bastião” do grupo islamita.
Cerca de 1,5 milhão de palestinos deslocados pelos combates estão amontoados nem Rafah, segundo a ONU. A possibilidade de as tropas israelenses invadirem a área gera crescentes preocupações na comunidade internacional.
‘Menos do que uma lata de feijão’
O Exército de Israel anunciou na quinta-feira (4) a decisão de “aumentar o efetivo e recrutar soldados da reserva”. Essa medida coincide com um momento de tensão máxima com o Irã, que acusa Israel de bombardear o consulado iraniano em Damasco, na Síria.
Em Gaza, as tropas israelenses continuaram suas operações na região central do território e na cidade de Khan Yunis, no sul. A situação humanitária é crítica, principalmente no norte.
“As entregas de farinha demoram, e há escassez. Também faltam verduras, carnes e outros produtos essenciais, como legumes, lentilhas e grão-de-bico”, disse um morador da Cidade de Gaza, que preferiu não revelar seu nome.
Segundo um estudo da ONG Oxfam, a população do norte da Faixa sobrevive com 245 calorias por dia. Isso representa “menos do que uma lata de feijão” ou “menos de 12% das necessidades calóricas diárias em média”.