Presença de usuários de droga, fiscalizações incisivas e problemas estruturais foram algumas das causas apontadas pelos empresários da região
Samuel Leão –
Considerado o altar da boêmia anapolina, o bairro Jundiaí é conhecido por possuir a maior concentração de restaurantes e bares de Anápolis, muitos, inclusive, de alto padrão.
No entanto, o surgimento de algumas problemáticas e cenários bem específicos do setor têm afetado os comerciantes locais e também a clientela, que já se mostrou disposta a migrar para novos ares.
Ao Portal 6, proprietários de estabelecimentos da Avenida São Francisco, via arterial do Jundiaí, relataram alguns dos pontos que afetam o funcionamento dos serviços e atrapalham a atração de clientes.
“Nossa loja funciona há 4 anos e a Avenida São Francisco sempre foi um polo gastronômico e da noite anapolina. Infelizmente, temos sentido uma queda gradativa, especialmente de 2022 para cá. Por ser uma referência, as fiscalizações acontecem de maneira muito mais incisiva na região do que em outras localidades”, relatou Leonardo, proprietário do Beer O’clock.
Além disso, segundo ele, a mistura entre imóveis residenciais e comerciais também gera transtornos.
“Esse contexto muitas vezes impede que façamos shows na calçada. Em contrapartida à fiscalização constante e a essas questões, não percebemos um olhar do poder público para auxiliar os empresários da região a fomentar o comércio, por exemplo”, complementou.
Outro estabelecimento que é figurinha carimbada dos anapolinos é o Hopsland Micropub, ativo há 8 anos e responsável por atrair clientes de diversas regiões da cidade para a avenida.
Porém, o aumento da presença de usuários de drogas, além de problemas estruturais, também foram citados como tremendos dificultadores na vida dos comerciantes e – por consequência – dos próprios clientes.
“Um ponto que tem ‘piorado’ por aqui seria o aumento de usuários de crack e outras drogas ilícitas. Consequentemente, aumenta o número de pedintes e, alguns deles, incomodam os clientes e atrapalham o trabalho dos atendentes, às vezes até com truculência e importunação”, relatou Gustavo Santos, proprietário do local.
O aumento do risco de arrombamentos e furtos também foi percebido, em associação com tal realidade. Outras questões que atrapalham a rotina do bar são falhas no fornecimento de água, energia e até a falta de mão de obra qualificada.
“Sobre a energia, é bem comum faltar quando chove. Como trabalho com câmara fria, se falta energia, compromete tanto qualidade do serviço, quanto meu sistema, que roda online. O mesmo vale para a água, que atrapalha a lavagem dos copos e o uso dos banheiros”, contou ainda.
Novas opções
Aproveitando dos gargalos que teriam surgido no Jundiaí, outros pontos da cidade acabaram crescendo, com a abertura e a ampliação de novos estabelecimentos, que não encaram alguns dos problemas do bairro nobre.
O próprio Centro e a tradicional Vila Jaiara são amostras disso.
Onde antes havia uma Casa de Carnes, por exemplo, agora se desenha um efervescente bar e restaurante na região Central, onde já é seguido um padrão semelhante ao da área considerada nobre da cidade. Marcelo Júnior, proprietário do Classe A, falou sobre a nova realidade.
“Com o sucesso, deixamos de ser uma Casa de Carnes e viramos apenas restaurante. Recentemente, passamos por uma reforma de R$ 1.8 milhão e reinauguramos agora em junho de 2023. Hoje, contamos com 30 colaboradores diretos”, comemorou.
Classe A, no Centro de Anápolis. (Foto: Divulgação)
Além do Classe A, a boate Bricks, o Gertulino e o H7 Lounge também movimentam a área que, por muito tempo, foi desconsiderada por várias pessoas, justamente pela falta de opções para a vida noturna.
Já na Vila Jaiara, o Coliseu e o Homer se tornaram grandes pontos de encontro e lazer da região Norte, movimentando a clássica Avenida Fernando Costa, que já era uma referência comercial durante o dia, mas nem tão lembrada assim durante a noite.
Avenida Fernando Costa, em Anápolis. (Foto: Reprodução)
Cenários parecidos acontecem em outras áreas da cidade, como no Recanto do Sol e no Parque Brasília, onde opções de lazer vêm se espalhando e caindo nas graças do público.
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