O encontro bilateral ocorreu à margem da 8ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, também participou.
Lula tem proximidade com Maduro e quer usar essa condição para influenciar o presidente venezuelano a promover eleições limpas e transparentes no país. Maduro é herdeiro político do ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e governa a Venezuela desde então. Organismos internacionais atestam que as eleições venezuelanas que mantiveram Maduro no poder não foram livres e temem que a deste ano siga o mesmo destino.
O Palácio do Itamaraty busca, por meios diplomáticos, levar a Venezuela a cumprir o acordo de Barbados, que determina eleições transparentes no país. Segundo analistas, os esforços de Lula e dos diplomatas não devem mudar as intenções de Maduro. A oposição no país vizinho vem denunciado cerceamento de liberdade eleitoral.
“O líder venezuelano disse ter articulado um amplo acordo com partidos de oposição na Assembleia Nacional de seu país e sustentou que haverá observadores internacionais e auditoria para garantir a lisura do pleito”, disse o Planalto em nota.
Segundo o governo brasileiro, a conversa durou pouco mais de uma hora e Lula e Maduro.
Além disso, informou o Palácio do Planalto, Lula e Maduro trataram sobre o contexto econômico, comércio bilateral entre os dois países, e também discutiram parcerias para frear o garimpo ilegal nas regiões fronteiriças, specialmente nas terras indígenas Yanomami, que abrangem áreas dos dois países.
Segundo o Planalto, a cooperação é importante porque os criminosos frequentemente atravessam a fronteira para escapar de forças de policiamento.
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Crise de Essequibo
De acordo com o Planalto, Lula e Maduro não trataram da crise entre Venezuela e Guiana em torno da região de Essequibo. No último ano a Venezuela voltou a reivindicar que Essequibo faz parte de seu território, hoje a região pertence ao território guianês.
Segundo o governo brasileiro, Lula afirmou que, assim como ocorreu na quinta-feira (29), na reunião bilateral com o presidente Irfaan Ali, da Guiana, a questão de Essequibo não foi debatida na bilateral com Maduro.
“O presidente brasileiro já havia expressado na quinta-feira que o tema pode ser debatido posteriormente, em fórum mais apropriado, e que o Brasil sempre estará disponível para contribuir na perspectiva de promoção e manutenção da paz no continente”, diz o comunicado do Planalto.
Conversa com presidente da Bolívia
Também nesta sexta, Lula se reuniu bilateralmente com o presidente da Bolívia, Luis Arce. De acordo com o governo brasileiro, os dois líderes conversaram sobre a possibilidade de investimento da Petrobras na prospecção de gás natural em territórios boliviano.
Além disso, falaram do interesse da Bolívia em parceria com Brasil para a possível exploração de lítio, o país sul-americano possui uma das maiores reservas certificadas de lítio do mundo, com cerca de 23 milhões de toneladas.
Ainda segundo o Planalto, Lula e Arce também trataram de obras de infraestrutura para a integração entre os dois países, como a construção da ponte que vai ligar Guajará-Mirim (RO), no Brasil, a Guayaramerín, na Bolívia, com previsão de conclusão em 2027.
Os dois presidentes também discutiram a hidrovia Ichilo – Mamoré, que prevê uma rota mais vantajosa para a Bolívia exportar produtos para a Europa e cujo caminho passa pela Amazônia brasileira.