Nesta sexta-feira (11), mais um vencedor será anunciado. Até 2023, 19 mulheres e 92 homens haviam recebido o prêmio. Por 19 vezes, o comitê organizador resolveu não entregar a honraria a ninguém — a última em 1972.
De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.
O prêmio foi entregue pela primeira vez em 1901. Naquele ano, os ganhadores foram Frédéric Passy e Henry Dunant. Passy foi um dos fundadores da União Interparlamentar, que media acordos multilaterais entre Parlamentos do mundo todo. Já Dunant foi um dos criadores da Cruz Vermelha.
Em 2023, o Nobel da Paz foi concedido a Narges Mohammadi, voz da revolução feminina no Irã.
Confira, a seguir, outras histórias envolvendo o Nobel da Paz.
Madre Teresa
Foto de arquivo de Madre Teresa de Calcutá, de 15 de maio de 1997 — Foto: AFP Photo
Madre Teresa de Calcutá ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1979. A escolha se deu pelo trabalho dela em ajudar pessoas que estavam em sofrimento.
Ela ficou mundialmente conhecida por ter construído hospitais, casas de repouso, cozinhas, escolas, colônias para doentes e orfanatos. Teresa também era chamada de “Santa das Sarjetas”, pelo trabalho dela nas regiões mais pobres de Calcutá, na Índia.
As ações de Madre Teresa fizeram com que ela ficasse conhecida no mundo todo, influenciando o trabalho voluntário em vários países.
A religiosa morreu em 1997. Em 2016, o Papa Francisco a declarou santa.
“Sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece até hoje como testemunho eloquente da proximidade de Deus aos mais pobres entre os pobres”, afirmou o pontífice.
Nelson Mandela
GloboNews – Nelson Mandela — Foto: Reprodução/GloboNews
Em 1993, Nelson Mandela foi eleito como vencedor do Nobel da Paz. Naquela época, a escolha foi classificada como “óbvia”.
Mandela passou 27 anos na prisão. Ainda assim, clamou por uma transição pacífica para acabar com o apartheid na África do Sul.
Mandela recebeu o Nobel da Paz em conjunto com Frederik Willem de Klerk — o último líder branco da África do Sul. Segundo o comitê, os dois trabalharam para “estabelecer as bases para uma nova África do Sul democrática”.
Muitos afirmaram que Mandela deveria ter vencido sozinho, enquanto outros disseram que o líder sul-africano não poderia fazer a paz sem um parceiro.
No entanto, o comitê argumenta que o prêmio foi concedido a ambos para encorajar a transição pacífica na África do Sul, a qual não havia sido concluída na época da premiação.
Barack Obama
Barack Obama durante a Convenção do Partido Democrata, em 20 de agosto de 2024 — Foto: REUTERS/Mike Segar
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama recebeu o prêmio em 2009, enquanto ainda estava no cargo. A honraria foi concedida pelos apelos de Obama pelo desarmamento nuclear e pelo trabalho pela paz mundial.
“Muito raramente uma pessoa com a influência de Obama capturou a atenção do mundo e deu às pessoas a esperança de um futuro melhor”, disse o então presidente do Comitê Nobel da Noruega, Thorbjoern Jagland, à época.
Analistas americanos consideraram a premiação como uma “surpresa”.
O prêmio concedido a Obama também foi alvo de críticas. Alguns especialistas afirmaram que a entrega da honraria seria “prematura”, já que o então presidente ainda não havia alcançado resultados concretos na agenda pela paz.
Polêmica com Henry Kissinger
Henry Kissinger fotografado na Alemanha, em setembro de 2015 — Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch
Uma das maiores controvérsias que envolve o Nobel da Paz foi a premiação de 1973. À época, a honraria foi concedida ao principal diplomata dos EUA, Henry Kissinger, e a Le Duc Tho, do Vietnã do Norte.
Kissinger e Tho foram os principais responsáveis pela assinatura dos Acordos de Paz de Paris em janeiro de 1973, para pôr fim à Guerra do Vietnã. O tratado resultou na retirada de militares dos Estados Unidos da região.
A decisão do comitê do Nobel chocou muitos na época, já que Kissinger desempenhou um papel importante na estratégia militar dos EUA nas etapas finais da guerra, que durou quase 20 anos.
Le Duc Tho recusou o prêmio alegando que a paz ainda não havia sido estabelecida. Além disso, dois dos cinco membros do comitê renunciaram em protesto.
Kissinger, embora tenha aceitado o prêmio, não viajou para a Noruega para a cerimônia. Mais tarde, tentou devolver a honraria, mas sem sucesso.
Documentos internos divulgados em 2023 mostraram que o comitê concedeu o prêmio com pleno conhecimento de que a Guerra do Vietnã provavelmente não terminaria tão cedo. O conflito foi encerrado apenas dois anos após a entrega do Nobel para Kissinger.
Gandhi quase ganhou
Mahatma Gandhi — Foto: Getty Images
Mahatma Gandhi foi indicado cinco vezes para receber o Prêmio Nobel. Ele ficou mundialmente conhecido por liderar uma campanha não violenta que influenciou a independência da Índia do Reino Unido.
Em 1948, o comitê estava pronto para finalmente escolher Gandhi para receber a honraria. Entretanto, ele foi assassinado naquele ano. O comitê ainda poderia tê-lo concedido postumamente — o que ainda era possível na época —, mas não o fez.
Segundo Geir Lundestad, que atuou como secretário do Prêmio Nobel, o comitê pode ter se negado a entregar a honraria postumamente para não ofender o Reino Unido.
Outra hipótese levantada é que a política de Gandhi poderia ter sido vista como “muito estrangeira” ou “anti-moderna” pelos membros de um comitê com foco na Europa.
A violência na partição da Índia também pode ter desempenhado um papel negativo, de acordo com Lundestad. Pelo menos um milhão de pessoas foram mortas e 15 milhões foram deslocadas.
De qualquer forma, “entre as omissões, Mahatma Gandhi se destaca por conta própria”, escreve Lundestad em suas memórias.
“É, é claro, extremamente lamentável que o principal porta-voz da não-violência do século 20 nunca tenha recebido o Prêmio Nobel da Paz.”
Outros vencedores
Veja, abaixo, outras personalidades e instituições que venceram o Nobel da Paz:
- Theodore Roosevelt, ex-presidente dos EUA, em 1906.
- Cruz Vermelha, em 1917, 1944 e 1963.
- Woodrow Wilson, ex-presidente dos EUA e fundador da Liga das Nações, em 1919.
- Cordell Hull, um dos fundadores da ONU, em 1945.
- Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em 1954 e 1981.
- Martin Luther King Jr, ativista norte-americano, em 1964.
- Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 1965.
- Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama, em 1989.
- Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética, em 1990.
- Aung San Suu Kyi, ativista pelos direitos humanos, em 1991.
- Médicos Sem Fronteiras, em 1999.
- ONU, em 2001.
- Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, em 2007.
- União Europeia, em 2012
- Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, em 2014.