O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta (PT), disse nesta terça-feira (20) que o chanceler de Israel, Israel Katz, espalha informação falsa sobre declarações de Lula.
A fala de Lula foi dada no fim de semana, durante viagem oficial à Etiópia.
Lula classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas no início de outubro.
Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
Ministro das Relações Exteriores de Israel volta a pedir retratação de Lula
Em reação, Israel declarou Lula persona non grata no país. Mais cedo nesta terça, o chanceler israelense divulgou texto no qual afirmou que “milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu [de Lula] pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler?”
“Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então – continuará sendo persona non grata em Israel!”, continuou Katz.
Também nesta terça, uma conta ligada ao governo de Israel em uma rede social afirmou, em inglês, que Lula “nega o holocausto”.
Em resposta à reação de Israel, Pimenta saiu em defesa de Lula.
“O chanceler de Israel, Israel Katz, distribui conteúdo falso atribuindo ao presidente Lula opiniões que jamais foram ditas por ele. Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto. Lula condena o massacre da população civil de Gaza promovido pelo governo de extrema-direita de Netanyahu, que já matou mais de 30 mil palestinos, entre eles, 10 mil crianças”, escreveu o ministro em uma rede social.
Ainda segundo Paulo Pimenta, “desde o primeiro dia, o presidente Lula condenou como terroristas os ataques do Hamas contra o povo de Israel”.
“O governo Netanyahu se nutre da guerra para se manter no poder. A maioria da população israelense rejeita a política extremista do governo e a comunidade internacional cobra o fim dos ataques em Gaza. Isolado, o governo de Israel adota prática da extrema-direita e aposta em Fake News para tentar se reafirmar interna e internacionalmente”, também declarou o ministro.
Pimenta afirmou ainda que durante a presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil apresentou uma resolução de imediato cessar-fogo como um exemplo do compromisso do país com a paz na região.
“Historicamente o presidente Lula defende a coexistência de dois Estados como solução definitiva para o conflito entre Israel e Palestina”, finalizou o chefe da Secom.
Comentários dos EUA
Questionado por um jornalista, o porta-voz do secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Matthew Miller, afirmou que o governo norte-americano não concorda com os comentários de Lula sobre a atuação de Israel em Gaza.
O porta-voz também afirmou que os americanos não acreditam que um genocídio tenha acontecido em Gaza, mas que desejam que o conflito se encerre e a assistência humanitária para civis aumente.