O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira (29) que Israel havia distribuído um dossiê alegando que alguns funcionários da agência das Nações Unidas de assistência aos palestinos (UNRWA) participaram do ataque de 7 de outubro em Gaza, e a descreveu a agência como “perfurada pelo Hamas”.
“Descobrimos que havia 13 trabalhadores da UNRWA que realmente participaram, direta ou indiretamente, no massacre de 7 de outubro”, disse ele à TalkTV britânica. “Nas escolas da UNRWA, eles ensinam as doutrinas de extermínio de Israel – as doutrinas do terrorismo, louvando o terrorismo, glorificando o terrorismo.”
Na sexta-feira, a agência anunciou que demitiu e abriu uma investigação criminal contra um grupo de funcionários suspeitos de envolvimento nos ataques. “Para proteger a capacidade da agência de prestar assistência humanitária, tomei a decisão de rescindir imediatamente os contratos desses funcionários e iniciar uma investigação para estabelecer a verdade sem demora”, afirmou Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA.
“Essas alegações chocantes ocorrem no momento em que mais de 2 milhões de pessoas em Gaza dependem da assistência vital que a agência vem fornecendo desde o início da guerra”, disse Lazzarini também.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também chegou a dizer que estava “estarrecido” com a acusação e pediu uma apuração rápida.
A UNRWA tem fornecido ajuda e usado suas instalações para abrigar pessoas que fugiram de bombardeios e de uma ofensiva terrestre lançada por Israel em Gaza, nos quais, segundo Israel, cerca de 1.200 pessoas morreram e 253 pessoas foram feitas reféns.
O braço da ONU foi criado em 1949 após a primeira guerra árabe-israelense, oferece serviços que incluem educação, cuidados primários de saúde e ajuda humanitária aos palestinos em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.
Corte no repasse de verba
Após a denúncia de suposta participação no ataque, ao menos sete países anunciaram que suspenderam o financiamento a agência da ONU.
Canadá, Austrália, Itália, Finlândia e Reino Unido se juntaram aos Estados Unidos e anunciaram que vão parar o repasse à UNRWA até que a investigação sobre o caso termine.
O Departamento de Estado americano ao anunciar a decisão, por exemplo, afirmou estar “profundamente apreensivo” com as acusações de suposto envolvimento de pessoal da ONU nos ataques.
Em comunicado, o comissário-geral da UNRWA, por sua vez, afirmou que “estas decisões ameaçam o nosso trabalho humanitário em curso em toda a região, incluindo e especialmente na Faixa de Gaza”.
Um porta-voz da agência também disse que se o financiamento não for retomado, a UNRWA conseguirá prestar seus serviços em toda a região, incluindo Gaza, até fevereiro.