Em postagem na rede social X (ex-Twitter), ele escreveu: “Ninguém vai separar nosso povo —nem mesmo você, Lula”
A imagem mostra homens e mulheres abraçadas, as bandeiras do Brasil e de Israel e duas pessoas vestidas com camisas amarelas, como as da seleção brasileira de futebol.
Katz foi quem declarou Lula “persona non grata” na última segunda-feira. Depois disso, tem feito várias postagens críticas direcionadas ao presidente do Brasil, como:
Declaração
No último final de semana, Lula classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas no início de outubro. Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
O petista fez a afirmação após ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) — entenda mais abaixo o que está acontecendo com a agência.
Lula deu as declarações durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou nos últimos dias da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estado do continente.
Reação exagerada
O governo brasileiro avalia que Katz está exagerando na reação.
No início da semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a postura israelense após as declarações do presidente Lula é uma “vergonhosa página da diplomacia de Israel”. Em declarações divulgadas pelo Itamaraty, dadas a duas agências de notícias internacionais (Reuters e Bloomberg), Mauro Vieira repudiou as falas das autoridades israelenses.
“Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso à linguagem chula e irresponsável”, afirmou Vieira.
Um diplomata que pediu para não ser identificado afirmou que o tom do chanceler israelense é de “briga de bar”. Segundo o blog da Daniela Lima, as mensagens de Katz mostram desespero. “Eles esperavam notas e notas de repúdio à fala do Lula. Não tiveram. O que houve foi um porta-voz dos Estados Unidos, questionado numa coletiva, dizer que discorda do Brasil. Em diplomacia isso é igual a nada”, afirmou formulador da política externa de Lula.
Lula é declarado ‘persona non grata’ em Israel
O que está acontecendo com a UNRWA?
Alguns funcionários da Agência das Nações Unidas de assistência aos palestinos (UNRWA) foram acusados no final de janeiro de estarem envolvidos no ataque do Hamas, em Israel, em 7 de outubro de 2023. O porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, afirmou que o lugar é uma fachada para o grupo terrorista.
“A agência foi comprometida de três maneiras: contratando terroristas em massa, deixando suas instalações serem usadas para atividades militares do Hamas e se apoiando no Hamas para a distribuição da ajuda na Faixa de Gaza”, afirmou.
À época, a agência afirmou que os funcionários foram demitidos enquanto uma investigação é feita. Segundo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, um relatório preliminar da equipe de auditoria será apresentando até o final de março, com entrega de um relatório definitivo até o final de abril, que será público.
Após a acusação, dez dos principais países financiadores da agência suspenderam temporariamente suas doações à entidade: Alemanha, EUA, Austrália, Japão, Itália, Holanda, Canadá, Finlândia, Suíça e Reino Unido.
Um porta-voz da agência também disse que se o financiamento não for retomado, a UNRWA conseguirá prestar seus serviços em toda a região, incluindo Gaza, até fevereiro.
A UNRWA, criada em 1949 após a primeira guerra árabe-israelense, oferece serviços que incluem educação, cuidados primários de saúde e ajuda humanitária aos palestinos em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.