O cinema tem um longo histórico de explorar romances em meio a conflitos bélicos, criando narrativas que combinam paixão e tensão em proporções memoráveis. Entre os exemplos mais notáveis está “Casablanca”, lançado em 1942, um filme que soube equilibrar com maestria o romance e o drama no contexto da Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, “…E o Vento Levou”, lançado três anos antes, mergulhou no sentimentalismo, apresentando um romance que, apesar de suas peculiaridades, permanece relevante ao longo do tempo, evidenciando a complexa relação entre Scarlett O’Hara e Rhett Butler.
Na era atual, marcada por um ritmo acelerado e por um consumo rápido de conteúdo, revisitamos essas histórias com um olhar diferente, buscando nelas um refúgio, um momento de pausa para refletir sobre temas mais profundos que vão além da superfície do entretenimento cotidiano. “Aliados”, um filme de 2016 dirigido por Robert Zemeckis, aborda o tema com uma abordagem cuidadosa, evitando cair em clichês enquanto presta homenagem ao gênero. Este filme marca a primeira incursão de Zemeckis neste tema, conseguindo manter a originalidade sem se apoiar em fórmulas desgastadas, apesar de algumas semelhanças com trabalhos anteriores de Quentin Tarantino, como “Bastardos Inglórios”.
Curiosamente, Brad Pitt estrela tanto em “Aliados” quanto em “Bastardos Inglórios”, e ambos os filmes contam com a participação de atrizes francesas em papéis de destaque, destacando a versatilidade de Marion Cotillard em “Aliados”, que entrega uma atuação consistente e elogiada. A trama de “Aliados” se desenrola em 1942, onde o personagem de Pitt, um oficial de inteligência, inicia sua missão em Casablanca, ao lado de Marianne Beausejour, interpretada por Cotillard, uma espiã da Resistência Francesa. Juntos, eles planejam um ataque ao embaixador alemão, mas a operação se complica à medida que a relação entre eles se aprofunda.
Conforme a história avança, a vida do casal em Londres é abalada por suspeitas e revelações que colocam em dúvida a lealdade de Beausejour, forçando Pitt a enfrentar escolhas difíceis para desvendar a verdadeira identidade de sua esposa. Robert Zemeckis, conhecido por sua habilidade em utilizar a tecnologia para realçar a narrativa, faz uso da cinematografia de Don Burgess em “Aliados” para enfatizar momentos chave da trama, alternando entre tons claros e escuros para refletir as reviravoltas da história.
A direção de Zemeckis e a atuação de Cotillard são pontos altos do filme, combinando-se para criar uma obra que não apenas presta homenagem ao gênero, mas também se destaca como uma contribuição valiosa para o cinema, evidenciando a complexidade dos romances em tempos de guerra.
Filme: Aliados
Direção: Robert Zemeckis
Ano: 2016
Gêneros: Guerra/Drama/Romance
Nota: 9/10