Caso a moção de impeachment seja aprovada, o presidente será suspenso e substituído pelo primeiro-ministro enquanto a Corte Constitucional analisa o caso e emite um veredito no prazo de 180 dias, informou a Agência France-Presse (AFP).
Se o tribunal confirmar a destituição, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em até 60 dias, de acordo com a agência.
Protestos no palácio presidencial
Com cartazes e cantos com palavras de ordem, milhares de manifestantes marcharam até o gabinete presidencial em Seoul, na noite de quarta-feira (manhã de quarta, no horário de Brasília), pedindo a renúncia do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol.
Manifestantes marcham em direção a palácio presidencial na Coreia do Sul
A manifestação começou com uma concentração na Praça Gwanghwamun e pessoas acendendo velas e logo rumou em direção ao escritório presidencial, no distrito de Yongsan, centro de Seul. No entanto, a marcha foi bloqueada por um cordão policial. (Veja no vídeo acima)
Manifestantes com cartazes escritos “Yoon Suk Yeol, renuncie por traição” marcham em direção ao palácio presidencial em Seul pedindo a renúncia do presidência da Coreia do Sul em 4 de dezembro de 2024. — Foto: AP Photo/Lee Jin-man
Pedido de impeachment
Pronunciamento do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol no qual decreta lei marcial — Foto: Anthony Wallace/AFP
Segundo a agência, para que o impeachment seja seja bem-sucedido é necessário o apoio de dois terços do parlamento, que tem maioria da oposição, além da aprovação de pelo menos seis juízes do Tribunal Constitucional.
Conforme a agência coreana Yonhap, o pedido de impeachment foi assinado por 191 legisladores da oposição, sem o apoio de qualquer parlamentar do partido governista.
Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termo
Yoon falou em ‘limpar’ país de aliados da Coreia do Norte
Yoon argumentou que queria “limpar” o país de aliados da Coreia do Norte e fez críticas à oposição. Segundo ele, forças “antiestado” estavam tentando paralisar as funções do governo e desestabilizar a ordem constitucional do país.
“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre”, disse mais cedo.
Após anunciar que estava revogando a medida, Yoon afirmou que ordenou que as forças militares recuassem e voltou a criticar deputados opositores.
“Peço, entretanto, que a Assembleia Nacional interrompa imediatamente o comportamento ultrajante que está paralisando o funcionamento do país por meio de impeachments, manipulações legislativas e orçamentárias.”
O decreto da lei pegou os sul-coreanos de surpresa e provocou uma série de reações negativas, inclusive dentro do próprio governo.
O acesso à Assembleia Nacional foi fechado após a imposição da lei marcial, e forças especiais da polícia foram enviadas para conter manifestantes. Ainda assim, deputados conseguiram entrar no plenário e fizeram uma sessão de emergência.
Deputados de oposição da Coreia do Sul votam para derrubar a lei marcial decretada pelo presidente — Foto: Yonhap via REUTERS
Crise política
Yoon foi eleito presidente em maio de 2022, por uma margem inferior a 1%. Ele faz parte do Partido do Poder Popular, de direita.
Em abril deste ano, o Partido Democrata — de oposição — venceu com ampla vantagem as eleições legislativas. Com isso, a legenda ampliou o controle da Assembleia Nacional, conquistando mais de 170 das 300 cadeiras da Casa.
O resultado refletiu a baixa popularidade do presidente, que enfrenta desafios para reduzir o custo de vida e combater a possibilidade de uma crise demográfica por causa do baixo índice de natalidade.
Além disso, o atual governo se viu envolvido em acusações de corrupção. A primeira-dama, por exemplo, foi gravada recebendo como presente uma bolsa de luxo avaliada em quase R$ 11 mil. O valor ultrapassa o que é permitido pela lei.
Nos últimos meses, a oposição aprovou moções para investigar a primeira-dama. Todos os projetos acabaram sendo vetados pelo presidente.
Já na semana passada, o Partido Democrata rejeitou o orçamento do governo e avançou com um plano de revisão de gastos, cortando o equivalente a mais de R$ 17 bilhões. A medida irritou o gabinete presidencial, sendo que a porta-voz do governo chamou a ação de “tirania parlamentar”.