Há um terceiro caso famoso: Romell Broom, que sobreviveu após 18 tentativas com injeção letal em 15 de setembro de 2009 (ele morreu em 2020 de Covid).
Os estados dos EUA têm tido dificuldade para conseguir os químicos usados nas injeções letais (esse é o protocolo mais comum para execuções). Os países europeus proibiram a indústria farmacêutica de vender esses produtos para serem usados em execuções.
Segundo o jornal “The Guardian”, o procedimento com injeção letal foi proposto pela primeira vez por um médico legista em Oklahoma em 1977 como uma alternativa mais civilizada e indolor à cadeira elétrica e ao pelotão de fuzilamento. Mas, desde o início, tem apresentado problemas que vão desde controvérsias em torno das substâncias usadas até mortes prolongadas e potencialmente agonizantes.
⚠️ Atenção: o texto a seguir pode ter relatos sensíveis e perturbadores.
Kenneth Smith
Pouco mais de um ano após a tentativa com injeção letal, Kenneth Smith será executado nesta quinta-feira (25) por método inédito nos EUA: asfixia com gás nitrogênio (leia mais aqui).
Em 2022, quando sobreviveu à injeção letal, Smith ficou amarrado em uma maca por mais de uma hora enquanto policiais tentavam, sem sucesso, encontrar uma veia boa o suficiente para receber a substância. À Justiça, a defesa diz que Smith sentiu dor física e psicológica e desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático.
Segundo o jornal “The Guardian”, no dia, uma equipe de três pessoas (com suas identidades ocultadas atrás de uniformes verde, azul e vermelho) entrou na câmara para injetar a substância que mataria Smith.
Depois de várias tentativas fracassadas, os guardas da prisão foram instruídos a virar a maca para trás. Smith ficou de bruços e com os braços estendidos, segundo relato do “The Guardian”. A equipe saiu do local, deixando Smith nessa posição por alguns minutos.
Na volta, eles endireitaram a maca e fizeram novas tentativas. Segundo os advogados de Smith, o homem protestou dizendo sentir dores terríveis.
Smith foi condenado por matar uma mulher em março de 1998; o assassinato foi encomendado pelo marido dela, um pastor, segundo a acusação; o marido se suicidou. A Anistia Internacional instou o estado do Alabama a não executar Smith. Um dos argumentos é que ele chegou a ser absolvido em um júri popular por 11 votos 1, mas a sentença foi anulada posteriormente pela Justiça.
Alan Miller
Alan Miller foi submetido a uma tentativa de execução pelo estado do Alabama em 22 setembro de 2022. Segundo o “The Guardian”, ele foi perfurado repetidamente durante 90 minutos enquanto estava deitado em uma maca.
Assim como Smith, Miller também foi colocado verticalmente suspenso na posição de crucifixo, mas com a cabeça erguida por cerca de 20 minutos. Pouco antes da meia-noite, Miller escutou: “A sua execução foi adiada”.
O homem foi condenado por um tiroteio que matou três colegas de trabalho em 1999.
Autoridades escoltam Alan Eugene Miller, condenado à morte, em 5 de agosto de 1999 — Foto: Dave Martin/AP/Arquivo
Romell Broom
Às 14h01 do dia 15 de setembro de 2009, os funcionários da penitenciária onde Romell Broom estava fizeram a primeira tentativa de injetar a substância no homem. Ao ver a dificuldade dos funcionários para encontrar uma veia, o prisioneiro ofereceu o outro braço. Mas, depois de várias tentativas, às 14h30, eles param.
Segundo reportagem do Fantástico da época, foram 18 perfurações, até que já não sabiam mais como injetar a substância. Às 16h24, chegou a notícia: o então governador do estado de Ohio mandou adiar a execução.
Romell Broom, que sobreviveu a uma tentativa fracassada de execução em 2009 e que morreu em 28/12/2020 — Foto: Ohio Department of Rehabilitation and Correction via AP/Arquivo
Boom foi condenado por sequestrar e matar uma menina de 14 anos em 1984. Segundo o tribunal que o condenou, ele ameaçou a menina com uma faca enquanto ela voltava de um jogo de futebol com dois amigos. Broom se declarava inocente.
Ao Fantástico, a advogada de defesa disse, na época, que o que aconteceu na câmara de execução foi tortura. Broom morreu na prisão, em 2020, por complicações da Covid.