Indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva repassou via WhatsApp uma espécie de “oração ao golpe”, na qual pedia a todos os brasileiros que incluíssem em suas preces os nomes de militares que poderiam se envolver na trama.
A informação consta do relatório final da investigação, enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal. O sacerdote da Diocese de São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 35 pessoas foram enquadrados em três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O contéudo do documento veio a público nesta terça-feira 26. Segundo os investigadores, José Eduardo enviou a mensagem em 3 de novembro de 2022, dias após a vitória de Lula (PT) na disputa presidencial. Na oração constam os nomes do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e de outros generais, como Estevam Teophilo, à época chefe do Comando de Operações Terrestres.
Nela, o religioso defende que todos os brasileiros — católicos e evangélicos — incluam o ministro e os militares em suas orações, “pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público (sic) de farda”.
Reprodução/PF
O então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, também aparece na lista. O general, contudo, foi um dos que resistiram às pressões para aderir à articulação golpista, de acordo com as investigações da PF. A oração foi inicialmente enviada ao frei Gilson da Silva Pupo Azevedo, colega do padre.
José Eduardo tem 41 anos e nasceu em Piracicaba, no interior de São Paulo. Sua fama na internet começou em 2017, após ele sugerir a criação de um “calmante em forma de supositório” e dizer que tinha “saudades dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual”.
Segundo os investigadores da PF, o religioso participou de uma reunião com Bolsonaro em Brasília para cuidar de “tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional”. A defesa do padre nega qualquer envolvimento dele na trama golpista.