Os parisienses votaram em um referendo neste domingo (4) para decidir se as grandes e espaçosas SUVs devem ser sujeitas a um aumento de três vezes nas tarifas de estacionamento, enquanto a capital francesa avança com planos de longo prazo para se tornar uma cidade mais amigável para as bicicletas.
O referendo, menos de um ano depois de os moradores da cidade votarem pela proibição das e-scooters, visa triplicar as tarifas de estacionamento para carros de 1,6 toneladas ou mais, chegando a um valor de 18 euros (R$ 96) por hora, e assim desencorajar o uso de carros “volumosos e poluentes”, segundo a prefeitura.
A nova tarifa também se aplicaria a carros elétricos de 2 toneladas ou mais.
“Mais pesados, mais perigosos, mais poluentes… as SUVs são um desastre ambiental”, disse o vice-prefeito Emmanuel Gregoire na rede social X.
Sob o comando da prefeita socialista Anne Hidalgo, as ruas de Paris foram transformadas, com 84 km de ciclovias criadas desde 2020 e um salto de 71% no uso de bicicletas entre o fim dos lockdowns pela Covid-19 e o ano de 2023, de acordo com a Câmara Municipal.
“Você realmente precisa de uma SUV em Paris?” disse Juliette Bruley, de 27 anos, em um posto de votação perto de Montmartre. “Levo meu filho de bicicleta, sempre encontramos soluções.”
As mudanças enfureceram os motoristas, no entanto. As SUVs tornaram-se cada vez mais populares na França, preferidos em particular pelas famílias.
“Vai custar cerca de 200 euros (R$ 1.070) por dia para estacionar. Isso é extremamente caro. A vida é cara, ter crianças é caro”, disse Laure Picard, de 37 anos. “O objetivo é pararmos de usar nosso carro, mas precisamos dele para sair de Paris durante feriados e fins de semana.”
O grupo de lobby pró-motoristas, de nome “40 milhões de motoristas”, lançou uma petição para apoiar o privilégio dos motoristas de usarem o veículo que quiserem.
“Devemos opor-nos firmemente a estes ataques à liberdade perpetrados sob falsos pretextos ambientalistas”, afirmou o grupo. “Se não pararmos com isso agora, esta rebelião injustificada liderada por uma minoria ultraurbana e antiautomóvel se espalhará como gangrena para outras cidades”.