Convertido em tempestade tropical, Oscar estava se afastando do país onde deixou graves danos materiais. Na noite de segunda, o restabelecimento do serviço de energia atingia apenas 36% dos 10 milhões de habitantes.
“Infelizmente, segundo informação preliminar, houve perda de seis vidas humanas no município de San Antonio del Sur”, disse o presidente Miguel Díaz-Canel, acrescentando que as Forças Armadas lideravam o resgate na área de desastre nos municípios de San Antonio del Sur e Imías, “onde ainda há áreas inacessíveis”.
Os trabalhos de recuperação avançam, enquanto a tempestade “deixa o território cubano e se localiza nos mares ao norte da província de Holguín”, segundo o boletim mais recente do Instituto de Meteorologia.
O fenômeno natural, que entrou como furacão de categoria 1 na cidade de Baracoa, causou a perda total ou parcial de residências. Os ventos fortes arrancaram telhados e paredes de casas, e derrubaram postes e árvores, segundo a TV oficial, que não exibiu imagens.
‘Muito trabalho’
Em Havana, quase todos os 2 milhões de habitantes voltaram a ter energia elétrica. Moradores da capital respiraram aliviados.
“Claro que estou feliz, preciso que haja energia, que tudo se restabeleça, porque tenho uma mãe idosa de 85 anos e um filho autista”, disse à AFP Olga Gómez, uma dona de casa de 59 anos que vive na parte antiga da cidade. “Estamos tendo muito trabalho sem luz com os alimentos, com tudo”, acrescentou.
Declarada pelo governo em “emergência energética”, Cuba sofreu na sexta-feira (18) o desligamento total do seu sistema elétrico, após o colapso da central termelétrica Antonio Guiteras, a mais importante do país.
Autoridades haviam prometido no domingo (20) restabelecer o serviço na noite desta segunda-feira para a grande maioria da população da ilha.
Díaz-Canel reconheceu que a situação do sistema elétrico continua “complexa”. O apagão provocou panelaços e protestos em alguns bairros da capital no fim de semana.
Sem água e gás
Moradores protestam durante apagão, batendo panelas e frigideiras em Havana, Cuba, no domingo (20) — Foto: Ramón Espinosa/AP
Houve protestos contra o apagão em alguns bairros da capital, onde muitos também ficaram sem água ou gás em consequência do corte de energia.
Aqueles que tentarem “causar perturbações da ordem pública” e que participarem em atos de vandalismo “serão processados conforme o rigor contemplado pelas leis revolucionárias”, disse o presidente, vestido com um uniforme militar verde, durante uma reunião do Conselho de Defesa Nacional, transmitida pela TV estatal.
Dezenas de pessoas, incluindo mulheres com crianças nos braços, saíram no escuro com panelas para se manifestarem no populoso bairro de Santos Suárez. “Acendam a luz”, gritavam.
Durante a noite, foi possível observar uma forte presença policial nas ruas da capital, enquanto muitas pessoas reclamavam do corte no serviço de dados em seus celulares.
Na ilha, a eletricidade é gerada através de oito centrais termelétricas desgastadas e dependentes de combustível, que em alguns casos avariaram ou estão em manutenção, além de várias centrais flutuantes – que o governo aluga a empresas turcas – e grupos geradores.
Com escassez de alimentos, medicamentos, inflação disparada e apagões crônicos que limitam o desenvolvimento de atividades produtivas, Cuba enfrenta sua pior crise econômica em três décadas.