Ele falou depois que o grupo palestino apresentou uma série de exigências em resposta a uma proposta de cessar-fogo apoiada por Israel e pelos Estados Unidos e mediada pelo Catar e pelo Egito — cujos detalhes não foram tornados públicos.
Netanyahu disse que as negociações com o grupo “não vão a lugar nenhum” e descreveu seus termos como “bizarros”. As conversas continuam.
“Não há outra solução senão uma vitória completa e final”, disse Netanyahu em uma coletiva de imprensa na quarta-feira (7/2).
“Se o Hamas sobreviver em Gaza, é apenas uma questão de tempo até o próximo massacre.”
A agência de notícias Reuters citou um alto funcionário do Hamas para quem os comentários de Netanyahu sobre a proposta de cessar-fogo mostram que ele pretende prosseguir com o conflito na região.
O Hamas está preparado para lidar com todas as opções, disse o funcionário.
Uma fonte oficial egípcia disse à BBC que uma nova rodada de negociações deverá começar na quinta-feira (8/2) no Cairo, com apoio do Egito e do Catar e apelos para que ambas as partes demonstrem a flexibilidade necessária para chegar a um acordo.
O que o Hamas propôs
O Hamas apresentou uma série de exigências, incluindo a troca de reféns por prisioneiros palestinos e a reconstrução de Gaza, em resposta à proposta de cessar-fogo apoiada por Israel.
O grupo armado queria a retirada total das forças israelenses de Gaza e o fim da guerra após três períodos de trégua de 45 dias.
Um rascunho do documento do Hamas ao qual a agência de notícias Reuters teve acesso aponta que grupo palestino propôs o seguinte:
- Fase um: uma pausa de 45 dias nos combates durante a qual todas as mulheres israelenses reféns, homens com menos de 19 anos, idosos e doentes seriam trocados por mulheres e crianças palestinas detidas em prisões israelenses. As forças israelenses se retirariam das zonas povoadas de Gaza, e começaria a reconstrução de hospitais e campos de refugiados;
- Fase dois: os homens israelenses ainda mantidos como reféns seriam trocados por prisioneiros palestinos, e as forças israelenses deixariam Gaza completamente;
- Fase três: os dois lados trocariam restos mortais e corpos.
O acordo também aumentaria as entregas de alimentos e outras ajudas a Gaza.
Ao final da pausa de 135 dias nos combates, as negociações para acabar com a guerra estariam concluídas.
A proposta já havia recebido uma resposta morna do presidente americano, Joe Biden, que a chamou de “um pouco exagerada”.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, disse que ainda há “muito trabalho a fazer” para chegar a um cessar-fogo permanente, mas destacou a importância de alcançar uma paz duradoura.
Cerca de 1,3 mil pessoas foram mortas durante os ataques do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro do ano passado.
Mais de 27,7 mil palestinos foram mortos e pelo menos 65 mil ficaram feridos na guerra lançada por Israel em resposta, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
O que esperar agora
Em entrevista Canal 13 de Israel, um representante do governo israelense disse que algumas das exigências do Hamas não poderiam ser atendidas, acrescentando que as autoridades estavam debatendo se deveriam rejeitar a proposta ou pedir condições diferentes.
Embora Netanyahu insista que o objetivo é a “vitória total”, autoridades israelenses reconhecem que esse objetivo ainda está muito distante, e alguns insistem que não é sequer alcançável militarmente.
Anteriormente, um alto funcionário do Hamas disse à BBC que o grupo armado tinha “uma visão positiva” à proposta apoiada por Israel, mas pediu algumas alterações relacionadas com a reconstrução de Gaza e o regresso dos residentes às suas casas.
Os Estados Unidos, um dos principais mediadores nessas negociações indiretas entre Israel e o Hamas, ainda veem as negociações como o “melhor caminho a seguir”.
O objetivo é conseguir uma pausa humanitária duradoura, que poderá levar a um cessar-fogo e proporcionar uma oportunidade para se concentrarem em um plano mais ambicioso para o “dia seguinte” ao fim da guerra.
Blinken chamou essa possibilidade de um “caminho incrivelmente poderoso” que abriria o caminho para a reconstrução de Gaza, por meio de uma Autoridade Palestina reformada e possível Estado Palestino, bem como uma normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel.
Mas militares israelenses ainda estão dedicados a destruir as brigadas do Hamas e a caçar líderes do grupo.
Por sua vez, Netanyahu está preocupado com a sua própria sobrevivência política, que está sob pressão de aliados de direita que avisam que derrubarão seu governo se ele fizer quaisquer concessões.
Os Estados Unidos e seus aliados árabes se preocupam com os riscos crescentes de uma conflagração regional mais ampla.
Muitas organizações internacionais alertam para o aprofundamento da catástrofe humanitária que se desenrola em Gaza.