A embarcação, da ONG espanhola Open Arms, inaugura a entrada de ajuda humanitária por mar a Gaza, à revelia de Israel. Os Estados Unidos, que vêm se distanciando do governo israelense, também enviaram uma embarcação com suprimentos ao território palestino, que tem previsão para chegar na semana que vem.
A população de Gaza passou a receber, assim, ajuda humanitária por três vias:
- Por terra — através de caminhões com envios de diversos países coordenados pela ONU;
- Pelo ar — com os lançamentos aéreos feitos pelos EUA;
- E, agora, por mar.
Se a nova rota marítima for bem-sucedida, ela poderá ajudar a aliviar a crise de fome que afeta Gaza, onde centenas de milhares de pessoas sofrem de desnutrição. A ONU e hospitais nas áreas mais afetadas do norte relataram que crianças estão morrendo de fome.
Mas o grande desafio é que as embarcações consigam atracar em Gaza — não há um porto para grandes embarcações no território. O navio da ONG Open Arms ainda não havia atracado até a última atualização desta reportagem.
Os EUA vão construir um porto provisório, mas as obras podem levar semanas para ficarem prontas. Enquanto isso, ONGs que atuam em Gaza começaram a montar, de forma improvisada, um píer temporário para receber a embarcação que chegou nesta sexta.
O navio da ONG espanhola transportou 200 toneladas de alimentos, provenientes de uma ONG europeia de distribuição de alimentos.
No entanto, as agências de ajuda humanitária têm dito repetidamente que os planos de levar ajuda por via marítima e aérea não serão suficientes para atender as vastas necessidades do território.
Acordo de cessar-fogo
Também nesta sexta-feira, o Hamas apresentou aos mediadores do conflito uma contraoferta para um cessar-fogo entre as duas partes.
Israel rejeitou a proposta, mas, no fim da tarde pelo horário local (início da tarde pelo horário de Brasília), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ter enviado uma equipe de negociadores para o Catar, onde as conversas estão sendo feitas.
O governo dos Estados Unidos afirmou que o envio da delegação israelense é um forte indicador de que os dois lados podem estar perto de um novo acordo, no qual Israel se comprometeria a para os bombardeios por meses, em troca da devolução dos reféns em poder do Hamas.
Os mediadores de Estados Unidos, Egito e Catar esperavam chegar a um cessar-fogo a tempo para o mês sagrado muçulmano do Ramadã, mas esse prazo expirou esta semana. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, cujo país sediou as principais negociações neste mês, disse nesta sexta que ainda estava “trabalhando duro” para chegar a um acordo.