O evento é a reunião diplomática mais importante na Rússia desde que Putin ordenou a entrada de tropas na Ucrânia em março de 2022, o que desatou sanções ocidentais e a condenação internacional.
Quase 20 chefes de Estado ou de Governo, incluindo os da China, Índia, Turquia e Irã, se reúnem na cidade de Kazan, centro da Rússia, para abordar questões como o desenvolvimento de um sistema de pagamento internacional liderado pelos Brics ou o conflito no Oriente Médio.
A Rússia considera os Brics uma alternativa às organizações lideradas pelas potências ocidentais, como o G7, uma posição respaldada pelo presidente chinês Xi Jinping, aliado crucial de Moscou.
“O processo de formação de uma ordem mundial multipolar está em curso, é um processo dinâmico e irreversível”, disse Putin na cerimônia de abertura oficial do encontro de cúpula.
A organização dos Brics está “fortalecendo sua autoridade nas questões internacionais”, completou, antes de pedir aos países membros que considerem como podem abordar os problemas mais prementes da agenda global, incluindo os “conflitos regionais graves”.
Representantes dos países integrantes dos Brics — Foto: Hamad AL-KAABI / UAE PRESIDENTIAL COURT / AFP
O secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou à Rússia nesta quarta-feira para participar na reunião, em sua primeira visita ao país em mais de dois anos, muito criticada pela Ucrânia.
Nas conversações bilaterais na terça-feira com Xi e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, Putin elogiou as “associações estratégicas” da Rússia com os parceiros.
Xi destacou os laços “profundos” da China com a Rússia, no que chamou de mundo “caótico”.
As relações Rússia-China “injetaram um forte impulso ao desenvolvimento, revitalização e modernização dos dois países”, declarou Xi.
A cidade de Kazan está sob rígidas medidas de segurança.
A região próxima do Tartaristão, a quase mil quilômetros da fronteira com a Ucrânia, já foi alvo de vários ataques de drones lançados por Kiev.
Putin também deve se reunir nesta quarta-feira com os presidentes do Irã, Masud Pezeshkian, da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
A Turquia, membro da Otan, aspira ser um possível mediador entre a Rússia e a Ucrânia e atua para ter boas relações com Moscou.
António Guterres chegando à cúpula do Brics — Foto: RU Host Photo Agency via REUTERS
Guterres deve abordar o conflito da Ucrânia com Putin em um encontro na quinta-feira, informou o Kremlin. O governo de Kiev criticou a visita.
“O secretário-geral da ONU rejeitou o convite da Ucrânia para a primeira reunião mundial pela paz na Suíça. Porém, aceitou o convite do criminoso de guerra Putin para visitar Kazan”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores na rede social X.
O porta-voz de Guterres destacou que a viagem é parte da sua participação regular em “organizações com um grande número de Estados-membros importantes” e que permitirá “reafirmar suas posições bem conhecidas” sobre o conflito na Ucrânia “e as condições para uma paz justa”.
Lula em discurso em vídeo na cúpula dos Brics — Foto: RU Host Photo Agency via REUTERS
Lula apela para ‘evitar escalada’ em conflitos
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, fez um apelo nesta quarta-feira (23) para “evitar uma escalada” nos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, que ameaçam se tornar globais, durante seu discurso na reunião de cúpula.
“Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, pediu Lula de Brasília por videoconferência, instando os países a trabalharem juntos para pôr fim também à guerra entre Israel, Hamas e Hezbollah.
Em discurso no Brics, Lula critica guerras e afirma que é ‘crucial’ iniciar negociações de paz