O atentado foi realizado, mais especificamente, pelo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K, ou ISIS-K em inglês), um braço afegão do grupo terrorista muçulmano.
Segundo autoridades russas, ao menos cinco homens armados invadiram o local enquanto a banda Picnic se preparava para se apresentar.
▶️ Mas qual é a relação entre o Estado Islâmico e a Rússia?
A Rússia é considerada inimiga do Estado Islâmico porque o governo de Vladimir Putin apoia o ditador da Síria, Bashar Al-Assad, que expulsou a organização terrorista do território sírio.
Neste sábado (23), inclusive, faz cinco anos que o Estado Islâmico perdeu o seu último território na Síria, a vila de Al-Baghouz.
Na ocasião, as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos, assumiram o controle do local.
Em seu auge, o Estado Islâmico chegou a governar quase 8 milhões de pessoas na Síria e no Iraque, ganhando bilhões de dólares com a exploração de petróleo e usando esses territórios como base para atacar outros países.
Localização do Crocus City Hall, em Krasnogorsk, na Rússia — Foto: Kayan Albertin/g1
Meses depois de o Estado Islâmico declarar um califado no Iraque e na Síria, em 2014, combatentes que saíram do talibã paquistanês se uniram aos militantes no Afeganistão para formar um braço regional. Eles juraram lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al Baghdadi.
O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.
Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.
As últimas estimativas de sua força variam de milhares de combatentes ativos até 500, conforme relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em julho passado.
“Khorasan” é um nome histórico da região que inclui partes de onde ficam atualmente Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central.
Que tipo de ataques o EI executa?
O EI-K reivindicou alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão.
O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges – em particular os xiitas.
Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou a autoria de um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos.
As autoridades suspeitam que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos.
Nas províncias em que está presente, o EI-K deixou marcas profundas. Seus homens mataram a tiros, decapitaram, torturaram e aterrorizaram os moradores, deixando minas por todos os lados.
Além dos bombardeios e massacres, o EI-Khorasan não conseguiu controlar nenhum território na região e sofreu grandes perdas nas operações militares talibãs e americanas.
Atentado perto de Moscou — Foto: AP
Qual a relação do EI-Khorasan com os talibãs?
Embora os dois grupos sejam militantes islâmicos sunitas de linha dura, também são rivais e divergem em temas de religião e estratégia. Cada um diz representar a verdadeira bandeira da Jihad.
As divergências provocaram confrontos sangrentos, dos quais os talibãs geralmente saíram vitoriosos desde 2019, quando o EI-Khorasan foi incapaz de controlar um território como fez seu grupo parente no Oriente Médio.
Em um sinal de inimizade entre os grupos jihadistas, os comunicados do EI se referem aos talibãs como apóstatas.
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