As eleições presidenciais na Romênia, país no qual a influência do TikTok se tornou um tema central, demonstram a importância das redes sociais na disseminação de informações.
O último relatório anual do instituto Reuters, baseado em resultados obtidos em 47 países, mostra que a proporção de usuários que utilizam as redes como fontes de informação aumentou nos últimos anos.
Em 2024, 29% das pessoas entrevistadas afirmaram usar as redes como sua principal fonte de informação digital, contra 23% em 2018.
Para Arnaud Mercier, professor de ciências da informação na Universidade Paris 2, existe, no entanto, uma diversificação das fontes de informação.
“O que chama a atenção é a hibridização dos meios”, explica. “Quando os usuários veem informações no TikTok, isso não quer dizer que eles se informem apenas pelo TikTok.”
O instituto Reuters mostra um panorama fragmentado. Há dez anos, as principais fontes de informação eram o YouTube e o Facebook. Atualmente, são seis: YouTube, Facebook e Instagram, cuja empresa matriz é a Meta, além de X, TikTok e WhatsApp.
Seu uso, além disso, está longe de ser uniforme. Tanto os usuários quanto as informações disponíveis variam de uma rede para outra.
TikTok, a rede em ascensão
O TikTok, uma fonte de informação habitual para 13% das pessoas entrevistadas, viu seu uso aumentar nos últimos anos.
A rede é popular entre jovens de 18 a 24 anos, e 23% deles a utilizam para se informar toda semana. O TikTok também apresenta “um rápido crescimento na África, na América Latina e em certas partes da Ásia”, aponta o estudo.
“Dada a facilidade e viralidade de produzir e distribuir vídeos no TikTok, ocorre um fluxo no qual até mesmo os meios [tradicionais] podem acabar sendo superados”, comenta Arnaud Mercier.
Apesar de sua popularidade, a rede não é vista como um meio especialmente confiável. Vinte e sete por cento dos usuários acreditam que é difícil encontrar informações confiáveis, a taxa mais alta entre as principais redes sociais.
A queda da Meta
O Facebook ainda é atraente para usuários que buscam informações, mas com o tempo deixou de ser “principalmente fora da Europa e dos Estados Unidos”.
O espaço para notícias foi deliberadamente reduzido pela sua empresa matriz, a Meta, que fez o mesmo com o Instagram, destaca a Reuters.
Em uma amostra de 12 países analisados, uma média de 26% dos usuários usaram o Facebook para se informar em 2024, contra 42% em 2016.
A plataforma também conta com a preferência de pessoas mais velhas.
YouTube, a plataforma multifacetada
O YouTube viu um aumento no número de usuários em busca de informações, impulsionado pelo crescente interesse por formatos em vídeo.
Por faixa etária, 23% dos jovens de 18 a 24 anos afirmam que esse site é sua principal fonte de informação em formato de vídeo, uma proporção quase idêntica à de jovens de 35 a 44 anos (25%) e pessoas com mais de 55 anos (24%).
O relatório mostra uma gama de usos especialmente ampla. Os usuários buscam principalmente vídeos produzidos por personalidades conhecidas, mas os meios de comunicação tradicionais e alternativos também têm seu espaço na plataforma.
Usuários perdem confiança no X
O TikTok superou neste ano o X (antigo Twitter) em termos de tráfego relacionado a notícias. Mas a rede social, atualmente de propriedade de Elon Musk, ainda é mais popular entre os usuários mais jovens do que entre os mais velhos.
Apesar da presença de muitos meios de comunicação tradicionais e jornalistas, o X tem uma reputação relativamente ruim. Vinte e quatro por cento dos entrevistados acreditam que é difícil identificar as notícias confiáveis.
“Isto pode ser explicado pelo fato de que as notícias desempenham um papel dominante na plataforma ou pela grande variedade de pontos de vista expressos nela”, aponta o instituto Reuters.
Confiança cega no WhatsApp?
Esse aplicativo de mensagens tem um grande público para notícias. Vinte e um por cento das pessoas entrevistadas dizem que o utilizam toda semana para se informar.
Seu nível de confiabilidade é considerado um dos mais altos entre as redes sociais analisadas.
“Paradoxalmente, isso pode significar que a informação transmitida pelo WhatsApp é mais perigosa”, porque encoraja as pessoas a tomarem menos precauções, aponta a Reuters.