👉 O termo trata-se de um eufemismo utilizado pela extrema direita alemã para se referir à deportação em massa e expulsão de migrantes e seus descendentes.
Em segundo lugar, ficou o termo Sozialklimbim (“parafernália social”), que surgiu durante a discussão em torno do bem-estar social básico para as crianças, representando uma retórica discriminatória que vem sendo utilizada com frequência cada vez maior.
Na terceira colocação, ficou o termo Heizungs-Stasi (“Stasi do aquecedor”), em referência a uma campanha de propaganda política contra medidas de proteção ao clima.
A Stasi era a antiga polícia secreta da Alemanha Oriental, conhecida pela vigilância excessiva dos hábitos cotidianos da população durante o regime comunista.
O nome foi associado à palavra “aquecedor” em meio ao debate sobre a necessidade de economizar gás natural no país, utilizado no aquecimento das residências.
Xenofobia e polêmica
O termo “remigração” ganhou notoriedade nos últimos dias após o portal de jornalismo investigativo Correctiv denunciar que políticos do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) – sigla que tem uma parcela de suas estruturas já sob observação da inteligência alemã por suspeita fundamentada de afronta à Constituição e à ordem democrática alemã – participaram de uma reunião na qual teria sido discutida a deportação em massa de milhões de imigrantes e “cidadãos não assimilados”.
No encontro, foi apresentado um projeto de “remigração”, ou seja, o retorno, forçado ou por outros meios, de migrantes aos seus lugares de origem – independentemente de eles possuírem ou não a cidadania alemã e de terem ou não nascido e vivido a vida inteira na Alemanha.
Na reunião, segundo o Colectiv, foram feitas referências à expulsão de requerentes de asilo, estrangeiros com títulos de residência e alemães com background migratório que não estiverem adaptados à sociedade alemã.
🚨 Segundo dados do Departamento de Estatística da Alemanha, praticamente um em cada quatro habitantes do país (24,3%) tem raízes migratórias. Isso inclui tanto pessoas que nasceram no país quanto aqueles que migraram para a Alemanha.
Manifestantes saem às ruas de Frankfurt para protestar contra a AfD, de extrema-direita — Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach
Palavra depreciativa do ano
A “despalavra do ano” visa promover a conscientização sobre termos que violam a dignidade humana e os princípios da democracia ou levam à discriminação.
Escolhida na Alemanha desde 1991, a “despalavra” de ordem política foi selecionada pela Sociedade da Língua Alemã até 1994, quando um júri independente em Darmstadt assumiu o projeto anual. Qualquer pessoa pode propor uma palavra e cabe ao júri tomar a decisão final.
Segundo os responsáveis pela seleção, entre sugestões enviadas ao colegiado pela população alemã, expressões linguísticas se tornam “despalavras” por serem pronunciadas de forma irrefletida ou com intenções dignas de crítica num contexto público.
Ao longo do ano passado, os jurados receberam 2.301 propostas do público, somando 710 expressões diferentes. Entre estas, 110 se encaixavam no critério de ser uma “não palavra”.
Entre as candidatas também estavam termos como Kriegstüchtigkeit (“eficiência de guerra”), Gamechanger (“virada no jogo”) e Klimakleber (“cola do clima”), que se refere aos ativistas do clima que colam suas mãos no asfalto durante protestos.
VÍDEO
Por que um copo plástico cheio de água não derrete no fogo?