A munição utilizada pelos ucranianos no vídeo é a mesma da qual a Otan anunciou nesta terça a compra de 1,1 bilhão de euros (cerca de R$ 6,5 bilhões de reais) em 220 mil novos projéteis. Segundo a aliança militar do Ocidente, alguns desses armamentos serão fornecidos à Ucrânia após Kiev relatar escassez de munições.
No vídeo, o militar ucraniano do esquadrão “Raroh” usa um controle remoto e óculos virtuais para operar remotamente o drone improvisado a partir de um esconderijo enquanto tem um gato em seu colo.
“Você deveria ter voado mais longe”, diz um colega de Sam, soldado ucraniano que operou o drone. “Cara, voei sem sinal por mais de quatro minutos“, responde ele. No início de outro voo, o operador reclama do retorno da câmera acoplada ao drone: “não tem vídeo”.
Soldado ucraniano amarra munição 155mm de artilharia em drone. — Foto: Reprodução
Sam relata que os drones operados por ele são improvisados, com reparos e peças de outros aparelhos.
“Os problemas mais comuns estão relacionados ao link de vídeo e aos controles dos drones, muitos deles causados por peças de baixa qualidade frequentemente utilizadas para tornar os drones ainda mais acessíveis”, diz o soldado.
O soldado “Fest”, que cuida dos drones, afirma que a improvisação é inevitável e acrescenta: “mesmo que o drone não consiga alcançar o armamento [russo], ainda pode voar até o abrigo mais próximo e entregar um ‘presente'”.
“Guerra por munição”
A Agência de Apoio e Aquisição da Otan (NSPA) fechou o acordo em nome de diversos membros da aliança, que repassarão os projéteis para a Ucrânia ou os utilizarão para reabastecer seus próprios inventários esgotados.
“A guerra na Ucrânia tornou-se uma batalha por munição. Portanto, é importante que os aliados reabasteçam seus próprios estoques enquanto continuamos a apoiar a Ucrânia”, disse o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, em coletiva após a assinatura do contrato na sede da Otan em Bruxelas.
Secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, durante entrevista coletiva em Bruxelas — Foto: Yves Herman/REUTERS
O Ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, afirmou na semana passada que a falta de munição era um grande problema para as tropas de Kiev quase dois anos após a invasão em larga escala da Rússia.
Um oficial da Otan identificou os compradores como Bélgica, Lituânia e Espanha, que se uniram para se beneficiar dos preços mais baixos garantidos pela compra em grande quantidade.
O contrato deve resultar em cerca de 220.000 projéteis de artilharia, com as primeiras entregas previstas para o final de 2025, informou o oficial à Reuters.
As munições serão fornecidas pela fabricante francesa Nexter e pela alemã Junghans, de acordo com uma fonte do setor.
Desde que a OTAN iniciou um programa para abordar as deficiências nos estoques militares dos aliados em julho passado, a NSPA fechou acordos no valor de cerca de 10 bilhões de dólares (cerca de R$ 49,6 milhões), disse Stoltenberg. Isso incluiu projéteis de artilharia e tanques, além de mísseis de defesa aérea Patriot.
Em uma reunião em fevereiro, os ministros da Defesa da Otan devem discutir outras maneiras de intensificar a produção industrial, que o chefe da Otan descreveu como absolutamente necessária para permitir o contínuo apoio ocidental a Kiev.